Por enquanto são apenas 500 bicicletas amarelas operando em fase de teste na cidade de São Paulo desde o começo do mês. Mas o sistema de compartilhamento de bikes da Yellow está dando o que falar. O que mais chama a atenção de quem não conhece o serviço é o fato de não existirem estações fixas de retirada e entrega de bicicletas. Elas podem ser encontradas ou deixadas em qualquer lugar. Outro diferencial é que não existe um cadeado fixo para prendê-las.
Para utilizar as bicicletas da Yellow, é preciso baixar o aplicativo, encontrar uma delas pelo GPS e colocar créditos – de 5 a 40 reais. Para destravá-las é necessário usar o QR Code do aplicativo para abrir o cadeado inteligente, localizado na parte traseira da bicicleta. Ao final do percurso, é só deixá-las em local permitido e travar o cadeado.
Questionado sobre o risco de confiar apenas na boa vontade do usuário para devolver as bicicletas, Eduardo Musa, CEO da Yellow, diz que gosta de sonhar grande. “Quanto maior o sonho, mais bacana é. O sonho só é grande o suficiente quando riem dele. Me comparo com rapaz que achou que era capaz de fazer as pessoas andarem no carro de um estranho. Quando o Uber entrou no Brasil, todo mundo falou que nunca entraria em um carro de desconhecido. Hoje, São Paulo é a mais cidade que faz viagem de Uber. É preciso acreditar no brasileiro.”
Ex-presidente da Caloi, Musa diz que a cidade cuida bem das coisas que funcionam. “Ninguém depreda o metrô porque ele funciona. A cidade cuida daquilo que traz um benefício. O problema do trânsito é tão grande, as pessoas precisam de alternativas.”
Além da crença no brasileiro, Musa afirma que a empresa conta com mecanismos de segurança para garantir a frota de bikes livres, como rastreamento por GPS. “As peças de nossas bicicletas não servem em outras. E também contamos com a polícia.”
Inaugurado no começo do mês, o serviço de compartilhamento da Yellow deve ganhar 20 mil bicicletas até o final de outubro. “Elas estão prontas para entrar na cidade. Vieram de navio da Zona Franca de Manaus”, diz o CEO da empresa.
Segundo ele, a meta da Yellow é cobrir a cidade de São Paulo e chegar a outras da região metropolitana, como Guarulhos, Osasco e o ABC Paulista. Para isso seriam necessárias de 100 mil a 120 mil bicicletas.
O próximo passo do plano é levar o serviço de compartilhamento de bikes livres para outros Estados e depois para a América Latina. “A meta é consolidar o serviço primeiro no Brasil e depois na América Latina. Outras cidades já vieram nos procurar”, conta Musa.
O CEO da Yellow diz que a maior parte das corridas feitas pelos usuários duram até 15 minutos. Por esse tempo, a pessoa gasta apenas 1 real. Ele estima que neste período os ciclistas percorram cerca de 3 quilômetros.
Apesar de o serviço ter sido implantado inicialmente na região da Faria Lima e Vila Olímpia, áreas nobres de São Paulo, Musa nega que a Yellow não atenda a população da periferia. “Esse argumento é falso, pois as bicicletas são livres, os usuários podem levá-las para onde quiserem. Elas são usadas pelo morador da periferia que pega trem, ônibus ou metrô e ainda precisa andar mais 1 ou 2 quilômetros para chegar ao trabalho ou escola.”
Para que os planos de expansão da Yellow se efetivem, a empresa espera uma regulamentação da Prefeitura de São Paulo. Hoje, elas podem ser usadas por maiores de 16 anos nas ciclovias e ciclofaixas e podem ser deixadas em qualquer lugar, desde que não atrapalhem o fluxo.
Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo informa que a regulamentação do sistema de compartilhamento de bicicletas de São Paulo prevê a coexistência de diferentes empresas operando com ou sem estações de compartilhamento de bikes.
São Paulo deve ganhar mais duas operadoras de compartilhamento de bicicletas, além das atuais credenciadas Yellow, Tembici e Trunfo. “As operadoras Mobike e Serttel também estão credenciadas junto ao Comitê Municipal de Uso do Viário e se encontram em processo de adequação e operacionalização de seus sistemas.”