As vendas no comércio varejista registraram recuo de 1,3% em dezembro do ano passado. Apesar do resultado negativo no último mês, o setor avançou 1,7% no ano passado. Segundo os dados divulgados nesta quarta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta é de 0,7 ponto percentual em relação a 2022.
“Observamos um resultado maior que em 2022, mantendo a tendência de seis anos consecutivos de crescimento. Também setorialmente, falando em varejo ampliado, observamos uma disseminação de resultados positivos, com apenas 4 das 11 categorias no campo negativo”, avalia o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
No âmbito do varejo ampliado, sete das onze atividades pesquisadas fecharam o ano no campo positivo. A maior alta foi nas vendas de veículos e motos, partes e peças (8,1%), influenciadas tanto pela normalização do setor após a pandemia de Covid-19 quanto pelo programa do governo que concedeu créditos tributários a montadoras para que baixassem o preço de veículos.
Além dos veículos, também avançaram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (4,7%), Combustíveis e lubrificantes (3,9%), e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%), Móveis e eletrodomésticos (1,0%) e Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%).
“O cenário doméstico ainda em desaceleração tem impedido um crescimento mais robusto do setor, principalmente por conta do elevado endividamento das famílias e os efeitos cumulativos da política monetária restritiva. Porém, a continuidade do ciclo de cortes da Selic, a inflação em níveis mais comportados, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento da massa salarial devem trazer um ímpeto melhor para o varejo ao longo de 2024”, analisa o economista Rafael Perez, da Suno Research.
Pelo lado negativo, as quatro atividades que sofreram queda em 2023 foram Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,9%), Tecidos, vestuário e calçados (-4,6%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-4,5%) e Material de construção (-1,9%). “Analisando as categorias que caíram mais, elas apresentam justificativas bem específicas. A queda de 10,9% em Outros artigos de uso pessoal e doméstico é muito ligada à questão da crise contábil de grandes marcas do setor de lojas de departamento”, analisa Santos, em referência ao escândalo da Americanas.