Inicialmente, a Vale anunciou um orçamento recorde de 14 bilhões de dólares para este ano. Mas, atropelada pela crise, decidiu cortar em 5 bilhões de dólares os investimentos
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A Vale trabalha para concluir este mês seu plano de investimentos para 2011, que virá com um acréscimo de, pelo menos, 10 bilhões de dólares em relação ao orçamento programado para este ano. De acordo com fontes, o investimento será recorde, entre 23 bilhões de dólares e 25 bilhões de dólares, valor que não inclui possíveis gastos com aquisições.
A intenção é anunciar o novo plano durante o VIII Vale Day, que ocorre em 18 de outubro na Bolsa de Valores de Nova York. No ano passado, o plano de investimentos da mineradora para 2010 serviu como um armistício entre o governo brasileiro e o presidente da Vale, Roger Agnelli. Na época, o executivo sofria pesadas críticas do governo por ter pisado no freio durante a crise internacional, que reduziu a demanda mundial por matérias-primas.
Inicialmente, a Vale anunciou um orçamento recorde de 14 bilhões de dólares para este ano. Mas, atropelada pela crise, decidiu cortar em 5 bilhões de dólares os investimentos. A decisão provocou revolta no governo. Inconformado, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, passou a criticar publicamente a gestão de Agnelli à frente da mineradora, tendo como alvo principal o investimento em siderurgia.
Para aparar arestas, a direção da mineradora aproveitou a tímida retomada da demanda mundial por matérias-primas e resolveu engordar o orçamento para 12,9 bilhões de dólares, incluindo no plano investimentos em projetos de siderúrgicas nos Estados do Ceará, do Pará e do Espírito Santo.
Demanda – Mas atualmente o cenário é bem diferente do registrado no ano passado. Agnelli saiu do radar de críticas do presidente Lula e a demanda por minério de ferro, principal produto comercializado pela Vale, disparou. A mudança permitiu à companhia subir em mais de 100% o preço do produto só em 2010 e alterar a forma de precificação dos contratos de fornecimento de minério de longo prazo. O reajuste, antes anual, agora é trimestral e feito com base na variação de preços do insumo no mercado à vista chinês.
A combinação de preços elevados e demanda acirrada trouxe a Vale novamente às compras. Em abril, a companhia comprou uma mina de ferro em Simandou, na Guiné, por 2,5 bilhões de dólares. Recentemente, executivos da companhia afirmaram que o investimento na região vai ajudar a Vale a alcançar a meta de produção de 450 milhões de toneladas de minério de ferro até 2014. Hoje, a companhia produz 300 milhões de toneladas ao ano.
Outra área que deve ganhar mais importância no plano de 2011 é a de fertilizantes. A Vale quer ganhar a vice-liderança nos segmentos de fosfato e potássio até 2014 e já anunciou que pretende investir 12 bilhões de dólares ao longo dos próximos anos.
(Com Agência Estado)