Quem conhece o estilo de negociação do presidente americano, Donald Trump, não se surpreende com o acirramento de suas imposições protecionistas contra a comunidade internacional a menos de um mês da eleição presidencial. Quanto mais aumenta a desvantagem em relação ao opositor democrata Joe Biden, mais ele ataca em vias que agradam o seu eleitorado conservador.
Nesta sexta-feira, 9, ele impôs tarifas de aproximadamente 2 bilhões de dólares à importação de alumínio pelos Estados Unidos de dezoito países, entre eles Brasil, Alemanha e Espanha, sob a acusação de estarem praticando dumping – acordo entre empresas para vender produtos abaixo do preço considerado justo.
De acordo com o Departamento do Comércio, o objetivo é contrabalancear o baixo valor cobrado pelas lâminas de alumínio, abaixo do custo de produção, ou que recebem subsídios considerados injustos. A decisão já está valendo, ou seja, as tarifas já começaram a ser cobradas, mas o próprio Departamento do Comércio pode revogá-la no fim de fevereiro. Além disso, ela passará pela revisão da Comissão Internacional de Comércio dos Estados Unidos, prevista para o próximo dia 5 de abril. O Brasil, que exporta 97 milhões de dólares de aço, e a Alemanha, que exporta 287 milhões, são os países que enfrentam as taxas mais altas.
A medida de Trump foi instituída um dia após a divulgação de uma pesquisa sobre intenção de voto na qual a desvantagem de Trump em relação a Biden se torna uma das maiores toda a corrida presidencial dos EUA. De acordo com compilado feito pelo site FiveThirtyEight, Biden possui 51,9% das intenções de voto, enquanto Trump possui 42,1%. A diferença entre os dois vem aumentando desde que Trump anunciou que contraiu a Covid-19, na sexta-feira 2. Essa semana, na segunda-feira 7, Trump também encerrou de forma abrupta a negociação entre democratas e republicanos na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sobre um novo pacote de benefícios fiscais para estimar a economia.