Trabalhadores do turno da manhã da fábrica de São José dos Campos, interior paulista, da General Motors (GM) decidiram, em assembleia realizada no início desta segunda-feira manter a greve deflagrada na última sexta-feira. Com a paralisação, a montadora deixa de fabricar 300 veículos por dia.
Na terça-feira, está marcada uma audiência de conciliação entre os trabalhadores e a direção da montadora no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, em Campinas, também no interior de São Paulo. O encontro foi marcado após a GM ajuizar uma ação de dissídio coletivo, em que considera a greve “ilegal” e “abusiva”.
A GM alega que os trabalhadores não comunicaram a paralisação previamente, como prevê a legislação. A empresa ainda acusa o sindicato de “deturpar” a proposta de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) apresentada por ela. A companhia diz ter proposto o lay-off “nas bases da lei”, mas não especifica que lei seria essa.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos afirma que decretou a greve como uma reação a uma proposta da GM de suspender 798 funcionários por dois meses a partir dos próximos 15 dias e demiti-los após esse período. Trabalhadores dizem que só voltarão ao trabalho quando a promessa de demissão for revogada pela montadora.
O sindicato já entrou em contato com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, na ultima quinta-feira, pedindo que ele intermedie as negociações com a empresa, mas nenhum encontro foi marcado ainda. A entidade cobra também a edição de uma Medida Provisória (MP) garantindo estabilidade no emprego para as trabalhadores da montadora.
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Caráter político – A GM diz que a greve tem “caráter político”, já que o Sindicato dos Metalúrgicos de São José tem eleições para a presidência marcada para hoje e amanhã. No pleito, a atual diretoria, ligada à Conlutas, disputa a presidência com sindicalistas ligados à CUT e à CTB.
Além da GM, outras montadoras também seguem com a produção paralisada após a semana do Carnaval, só que por outros motivos. A Ford afasta a partir desta segunda, por tempo indeterminado, um grupo de 420 funcionários da linha de produção da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), diminuindo o ritmo de produção na unidade.
A MAN, fabricante de caminhões e ônibus da Volkswagen, iniciou hoje férias coletivas por dez dias na fábrica de Resende, interior do Rio de Janeiro. Em Taubaté, a direção da fábrica da Volkswagen concedeu férias coletivas de 20 dias a 250 funcionários e suspendeu, por tempo indeterminado, a produção no terceiro turno na unidade. Todas as paralisações são sob o pretexto de adequar a produção à demanda. Até a última quarta-feira, a venda de veículos caiu 24,7% em fevereiro ante mesmo período de 2014.
(Com Estadão Conteúdo)