As relações entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Tribunal de Contas da União (TCU) não são totalmente pacíficas, mas isso não será empecilho para o programa de privatização de estatais. Técnicos e ministros do TCU sinalizaram à equipe econômica que o tribunal não pretende criar dificuldades à tentativa do governo de se desfazer dos ativos e informaram que, ao analisar os planos de venda de empresas como os Correios, devem se fiar apenas nos valores, ou seja, avaliar somente se o preço é ou não condizente.
Reservadamente, ministros do TCU veem com incredulidade as chances de estatais serem mesmo privatizadas. Conforme mostra a edição de VEJA, Guedes fez um desabafo aos críticos de sua inoperância em se desfazer de determinadas empresas: “falam que eu prometo, mas não entrego. Quando me perguntavam quais empresas eu queria privatizar, respondia que queria todas. Se deixar por minha conta, vendo todas. Mas tem o Congresso…”.
Desde que assumiu o governo, o chefe da pasta da Economia afirmou por inúmeras vezes que, se dependesse só dele, seria arrecadado 1 trilhão de reais com a venda de empresas da União. Na quarta-feira, 2, o governo anunciou que pretende realizar nove privatizações no próximo ano (Eletrobras, Correios, Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias – ABGF, Emgea – Empresa Gestora de Ativos, Ceasa Minas, Trensurb – Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre, Companhia Brasileira de Trens Urbanos – MG; Codesa – Companhia Docas do Espírito Santo e Nuclep – Nuclebrás Equipamentos Pesados).
A União tem o controle de 49 empresas estatais, sendo que 19 delas são fortemente deficitárias e acumularam prejuízos de mais de 22 bilhões de reais nos últimos cinco anos. Na primeira colocação aparece a Infraero, com rombo de 6,4 bilhões de reais, seguida da Valec, protagonista de sucessivos escândalos de corrupção na área dos transportes, com 4,5 bilhões de reais, e a Codevasf, com 3,8 bilhões de reais. Nenhuma das três está na lista mais imediata de privatizações idealizada pelo governo.