O volume de serviços no Brasil registrou um avanço de 1% em setembro, atingindo um recorde histórico. O setor agora se encontra 0,6% acima do pico anterior, alcançado em julho de 2024, e impressionantes 16,4% acima dos níveis pré-pandemia, de fevereiro de 2020. O resultado superou as expectativas do mercado, que projetava um crescimento de 0,7%, e aponta para a resiliência da economia brasileira, mesmo em um cenário de pressões inflacionárias e alta dos juros.
Esse desempenho reflete expansões em quatro das cinco atividades econômicas analisadas pelo IBGE, com destaque para os serviços profissionais, administrativos e complementares, que cresceram 1,4%, e o setor de informação e comunicação, com alta de 1%. O setor de transportes, duramente afetado por desastres climáticos em agosto, mostrou recuperação ao crescer 0,7% em setembro. Os serviços prestados às famílias também apresentaram desempenho positivo, com avanço de 0,4%.
O setor, responsável por mais de 70% do PIB brasileiro, tem seu bom desempenho diretamente ligado às projeções otimistas de um crescimento acima de 3%. “A atividade econômica brasileira continua apresentando um bom desempenho, sustentada por um mercado de trabalho robusto, crescimento da massa salarial e condições favoráveis de crédito”, afirma Igor Cadilhac, economista do PicPay. Esses fatores impulsionam o consumo doméstico, que é a base do crescimento do setor de serviços no país.
Mesmo diante do ambiente de aperto monetário, com o Banco Central elevando a taxa de juros para conter a inflação, o dinamismo do setor de serviços compensa a retração observada na agropecuária. Segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o bom desempenho dos serviços, aliado à resiliência da indústria e do varejo, levou o banco a revisar sua projeção de crescimento do PIB no terceiro trimestre de 0,6% para 0,7%, esperando um PIB de 3,2%. “Os dados mais fortes do setor de serviços sugerem um terceiro trimestre positivo, apesar das adversidades macroeconômicas”, avalia Moreno.
Olhando para o futuro, as perspectivas para o setor de serviços permanecem relativamente otimistas. Alberto Ramos, do Goldman Sachs, aponta que o setor deve continuar a se beneficiar de estímulos fiscais, como as transferências federais para famílias de baixa renda e os aumentos no salário mínimo. Esses fatores, combinados com a recuperação da renda real disponível, devem sustentar a demanda por serviços, mesmo em um contexto de políticas monetárias mais restritivas e altos níveis de endividamento das famílias.
Contudo, o cenário não é isento de riscos. A inflação persistente e os custos de financiamento mais elevados podem reduzir o ímpeto da expansão econômica no quarto trimestre de 2024. Apesar disso, a projeção do C6 Bank é de que o setor de serviços feche o ano com um avanço de 3%, enquanto o PIB deve crescer 3,2% em 2024, desacelerando para 1,5% em 2025, à medida que o efeito dos estímulos fiscais diminui e as condições de crédito se tornam mais rigorosas.
Enquanto os desafios econômicos persistem, a força desse setor tem sido um pilar crucial para o desempenho econômico do país em 2024, mostrando que, apesar das dificuldades, a atividade econômica brasileira ainda tem fôlego para surpreender.