Um dos maiores temores da União Europeia após a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia era (e continua sendo) o fornecimento de gás, já que os países-membros do bloco são altamente dependentes do fornecimento russo para o funcionamento de suas economias. Passados dois meses da guerra, a interrupção do fornecimento deixa de ser hipotética e passa a ser real. A Rússia irá cortar o fornecimento de gás para a Polônia a partir desta quarta-feira, 27, afirmou a PGNiG, principal fornecedor de gás da Polônia. Com a notícia, os preços do gás na Europa dispararam até 17%, dado o temor de que a ação se repita em outros países.
O corte vem após a ameaça russa de cortar o fornecimento de gás aos países que recusam a nova exigência de Vladimir Putin de pagar em rublos. A União Europeia disse que isso violaria as sanções e fortaleceria a Rússia de forma inaceitável. O início pela Polônia é sintomático, já que o país tem sido um duro crítico ao movimento militar de Putin e o principal destino de refugiados ucranianos. Nesta terça, a Gazprom emitiu um comunicado que a Polônia deve pagar o gás em rublos.
“Posso confirmar que recebemos ameaças da Gazprom que estão ligadas, entre outras coisas, aos meios de pagamento”, disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki a veículos de comunicação alemães. “A Polônia está cumprindo os acordos e talvez a Rússia tente punir a Polônia” cortando as entregas. O governo, entretanto, diz que tem combustível suficiente armazenado para passar pela sanção russa.
Abril e maio são os meses em que os pagamentos do fornecimento de gás de abril vencem — o primeiro lote para o qual os novos termos se aplicam — e autoridades e executivos europeus, em muitos casos, ainda estão tentando descobrir a melhor forma de responder. A Europa é extremamente dependente do gás russo e, até agora, protegeu principalmente a energia das sanções.