Quando Jair Bolsonaro (PL) assumiu o governo, a agenda econômica patrocinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, estava em alta. Nela, havia uma ambiciosa, porém necessária, meta de tirar do papel a reforma da Previdência, a tributária e a administrativa — que moderniza o serviço público. Quase quatro anos depois e com apenas uma dessas reformas executadas, Bolsonaro chega a campanha de reeleição e prefere a saída pela tangente quando questionado sobre as mudanças no funcionalismo.
Em evento de campanha na União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), em Brasília, o presidente foi questionado pelo mediador sobre qual era sua visão sobre a reforma administrativa, o presidente preferiu dizer que não deve abrir novos concursos públicos e não aprofundou sobre a proposta enviada pelo governo em 2020, mas que está parada no Congresso. “Essa é a nossa proposta: se houver reeleição, essa reforma, realmente, o Parlamento que vai decidir, fazer com que tenhamos um novo quadro de servidores”, afirmou. “A proposta que está lá é para os futuros servidores e não para os atuais. Temos que respeitar os direitos adquiridos”.
Aprovada há quase um ano na comissão especial da Câmara, o texto da reforma administrativa não chegou a ir para votação em plenário. Atropelada pela PEC dos Precatórios, que furou o teto de gastos para o Auxílio Brasil, a administrativa está na mesa de Arthur Lira (PP-AL) que reclamou por diversas vezes da falta de empenho do governo federal em torno da proposta e colocou a baixa mobilização do governo como um dos motivos para que a proposta não tenha sido analisada. O texto que chegou em 2020 estava pronto desde 2019, mas protestos no Chile e em outros países da América Latina fizeram o governo segurar o texto pelo temor da onda de manifestações chegar ao Brasil contra a reforma administrativa.
Ainda na resposta sobre a reforma administrativa, Bolsonaro preferiu retomar a proposta de reajuste para os servidores. “Vai ter que dar reajuste para servidor. [Já estão há] Três anos sem reajuste. Passaram por anos difíceis. O não concurso público, aposentadoria e outras coisas. A gente encaixa aí”, disse. Neste ano, Bolsonaro sinalizou aumento para servidores da Polícia Federal, o que causou descontentamento de outras categorias e uma tentativa do governo em reajustar os salários em 5% para todas as categorias, mas não aconteceu. “Gostaria de ter feito uma reestruturação para eles [policiais da PRF], mas não foi possível porque outros setores ameaçaram greves. Não é fácil mexer com alguns setores do funcionalismo altamente politizados. Acredito que no ano que vem dê pra resolver isso daí”, declarou.