Os resultados do IBC-Br, uma prévia do PIB calculada mensalmente pelo Banco Central (BC), surpreenderam na reta final do ano passado e, na visão de economistas, confirma que o país encerrou 2023 com um crescimento forte.
Divulgado nesta segunda-feira (19), o IBC-Br apontou um crescimento na atividade econômica de 2,45% no ano passado. Como os resultados do indicador do BC têm vindo mais baixos que os do PIB nos levantamentos recentes, por conta, em boa parte, das diferenças metodológicas, os analistas acreditam que o dado confirma as expectativas de uma economia que cresceu perto de 3% no ano passado. É um desempenho bem mais forte do que o que se falava no início do ano, quando as projeções mais otimistas falavam em um avanço na casa de 1%.
O produto interno bruto é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o resultado fechado de 2023 será divulgado em 1º de março.
“O sinal para o PIB do ano é francamente favorável e, como o último mês [do IBC-Br] teve um número acima do esperado, estatisticamente há um viés de melhora também para 2024″, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves. A estimativa de Gonçalves é de um PIB na ordem de 2,9% para 2023.
Em dezembro, o IBC-Br avançou 0,82% ante novembro. As expectativas falavam em algo em torno de 0,4%. Com a alta de 0,22% na passagem do terceiro para o quarto trimestre, o indicador também dissipa as expectativas que, até pouco tempo atrás, eram de crescimento zero ou até levemente negativo para os três últimos meses de 2023.
“Não é um número exuberante, nós sabemos que a economia desacelerou no quarto trimestre, mas o dado afasta a possibilidade de queda e mantém o trimestre no território positivo”, diz o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “Como não há sinais mais fortes de contração, o ano pode ter fechado com um crescimento de 2,8% ou 2,9%, e mesmo um crescimento de 3% não está descartado.”
“O resultado [do mês] foi derivado da melhora da indústria, que subiu em dezembro 1,1%, e dos serviços, que variou 0,3%”, disse o economista e consultor André Perfeito. “Contudo, vale reforçar que muito do crescimento se dá sobre uma base de comparação ainda frágil, logo, crescer não é tão difícil assim”, acrescentou.
Apesar das surpresas positivas a respeito do que aconteceu em 2023, os economistas ainda estão mexendo pouco nas projeções para 2024, que são de desaceleração econômica. A expectativa média dos analistas de mercado é de alta de 1,6% no PIB deste ano, de acordo com as medições do Boletim Focus.