O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic caiu de 6% para 5,5% ao ano. O anúncio, feito nesta quarta-feira, 18, representa a segunda queda consecutiva nos juros do país, após dezesseis meses em estabilidade na casa dos 6,5% ao ano, que permaneceu até julho.
Esse é o menor porcentual da história da taxa de juros brasileira. A Selic é usada como referência para todas as outras taxas de juros do mercado e serve como instrumento para controlar a inflação e estimular o consumo. Com a Selic alta, os juros tendem a ficar mais caros e desestimular o consumo. Já com a taxa em viés de baixa, o crédito pode ficar mais barato, estimulando compras e aquecendo a economia.
Em comunicado divulgado no início da noite desta quarta-feira, o Comitê avaliou que o corte considera o cenário da economia, que está em “processo de recuperação”. “Essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária.”
No documento, o Copom sinaliza que deve continuar a fazer corte nas taxas de juros. Entretanto, enfatiza que a melhora no cenário da economia depende da continuidade das reformas, como a da Previdência – que está para ser votada em primeiro turno no Senado Federal.
A queda na taxa já era esperada pelo mercado financeiro, que aposta em uma redução ainda maior até o fim do ano. Segundo o mais recente Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central semanalmente, a aposta de analistas financeiros é que a taxa feche o ano em 5%. Algumas instituições, como o Bradesco, no entanto, já preveem que 2019 termine com os juros em 4,75% ao ano.
Como a taxa de juros é definida
Entre os pontos analisados pelo Banco Central para sua decisão, está a inflação, calculada oficialmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Atualmente, a previsão do Boletim Focus é que feche a taxa fecho 2019 em 3,45% ao ano, resultado abaixo do centro da meta da inflação do governo, definida em 4,25% pelo Conselho Monetário Nacional. No entanto, está dentro da margem de erro, que é de 1,5 ponto porcentual para baixo ou para cima (2,75% a 5,75%).
Outro fator analisada pelo Copom. O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2019 apresentou expansão de 0,4% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Para o ano, o governo espera alta de 0,85% e o Focus de 0,87%, o que representaria desaceleração frente aos últimos dois anos, quando o país cresceu, em ambos, 1,1%. Pautas como a reforma da Previdência e a tributária, que devem, na visão do BC, melhorar o ambiente de negócios do país, também entram nesta conta.
Além disso, o Copom observa o cenário externo, que no momento, é instável. Estados Unidos e China dão sinalizações de apaziguamento a disputa comercial, mas nada definitivo. O confronto também influencia no processo de desaceleração da economia global, que já reflete nos desempenhos da Alemanha e da China, por exemplo. Como se não bastasse, a Argentina, um dos principais parceiros comerciais brasileiros, passa por momento conturbado e terá eleições no final do ano. E no Reino Unido, o Brexit continua a se desenrolar. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pretende resolver a situação até o dia 31 de outubro.
Podcast
O jornalista Thomas Traumann analisa a redução da Selic; ouça