Nesta sexta-feira, 8, o departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos divulgou o payroll, relatório de empregos da secretaria. Em dezembro de 2020 o emprego não agrícola caiu 140 mil, o pior desempenho desde abril. A expectativa dos analistas era de que seriam criadas entre 50 mil e 100 mil vagas. A taxa de desemprego, por sua vez, se manteve em 6,7% após queda de sete meses consecutivos. Esses dados são muito esperados pelo mercado porque mostram a criação de postos de trabalho no país, mas essa queda drástica não impactou de forma tão forte nos mercados como vinha ocorrendo em 2020. A vacina mudou a dinâmica da economia e deu às crises causadas pela Covid-19 uma data para acabar. Com isso, a política fiscal que será adotada após a nova configuração política em Washington está prevalecendo sobre os rumos do mercado.
A retração no mercado de trabalho é vista como consequência do aumento dos casos de infectados pelo novo coronavírus cuja mutação gerou uma nova cepa com maior chance de transmissão. Com isso, foram necessários novos fechamentos da economia para conter a pandemia, o que impactou a criação de postos de trabalho em uma época particularmente importante para a economia. “Com as festas de fim de ano, muitas pessoas entram em trabalhos temporários, mas muitos eventos foram cancelados e proibidos”, diz Daniel de Toledo, advogado brasileiro residente no Texas.
Na análise de Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama, as perspectivas para o mercado de trabalho americano para os próximos meses não são promissoras diante das novas restrições que estão ocorrendo por conta da pandemia. “Os efeitos da vacina no mercado de trabalho só devem aparecer a partir do segundo trimestre porque as pessoas imunizadas são as que estão na linha de frente da Covid-19 e dos setores essenciais, que não causam desemprego. Além de idosos vulneráveis que estão aposentados”, diz ela. A expectativa é que o setor de serviços ainda sofrerá por demandarem contato físico.
Logo após a divulgação do payroll, as bolsas americanas caíram bastante, mas recuperaram parte das perdas no início da tarde. O mesmo ocorreu com o dólar, que perdeu força após a divulgação, mas se recuperou, de acordo com o índice DXY. A “onda azul” e a expectativa de aprovação de novos estímulos fiscais se tornaram mais importantes para os investidores que os estragos feitos pelo coronavírus. Afinal, com a vacina, ele já passa a ser visto como um problema que será vencido.