O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem somando apoios de nomes de peso da economia brasileira. Além da sinalização do também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), criadores do Plano Real passaram a declarar apoio ao petista. André Lara Resende, que já tinha defendido o voto em Lula no primeiro turno, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e o economista Edmar Bacha assinam uma nota junto com Arminio Fraga e Pérsio Arida declarando voto em Lula no segundo turno das eleições contra Jair Bolsonaro (PL).
Arminio e Pérsio já haviam declarado nesta semana sua preferência. Na nota assinada, os economistas fazem um pedido ao candidato petista, vislumbrando uma vitória nas eleições. “Votaremos em Lula no 2º turno; nossa expectativa é de condução responsável da economia”, afirmam em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 6.
O apoio dos pais do Plano Real a Lula reforça a expectativa para que o petista faça uma gestão centrada e com respeito à responsabilidade fiscal na área econômica. Essa é, aliás, uma das grandes desconfianças de agentes financeiros em relação a um novo governo do petista. Depois de declarações contra o teto de gastos e sinalizações sobre o aumento dos gastos públicos caso seja eleito, Lula já no primeiro turno tentou recorrer a uma face mais moderada e liberal da economia, trazendo o apoio de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC nas gestões petistas e ministro da Fazenda no governo Temer, quando o teto de gastos foi criado. Meirelles é aventado como um possível nome para conduzir a economia se Lula sair vitorioso da disputa contra Bolsonaro.
Como mostra o Radar Econômico, a campanha de Lula evita apresentar planos sobre o arcabouço fiscal planejado pelo petista. Membros do comitê admitem a apresentação de “dezenas” de alternativas para um arcabouço fiscal alternativo ao teto de gastos. Além da âncora fiscal, os economistas também estão debruçados em desenhar programas que incorporem propostas de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) que apoiam Lula no segundo turno. A definição do que será consolidado e apresentado, porém, depende da escolha da equipe econômica de um eventual novo governo Lula. Será só aí que as medidas serão decididas.
Discordância
Além do peso político, os apoios carregam uma certa ironia. Isso porque Lula foi um dos principais críticos à implementação do plano econômico da década de 1990 que conseguiu segurar a inflação. “O povo tem que aprender que ninguém pode viver de fantasia o tempo inteiro”, disse Lula, na campanha de 1998. “Não há o que comemorar. O Brasil está à beira do caos com essa política econômica. É essa a estabilidade monetária que causa instabilidade social”, bradou.