O agravamento da crise institucional entre os Poderes após as manifestações de 7 de setembro e as ameaças de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal afugentaram o capital do país e o real encerrou o pregão desta quarta-feira, 8, em queda livre de 2,87%, a maior desvalorização desde o dia 8 de março. O dólar comercial fechou em 5,3203 reais e, em um ranking de 24 moedas emergentes, a moeda brasileira teve o pior desempenho. A desvalorização do real foi o dobro da lira turca, que caiu 1,42% e ocupou o 23º posto do ranking – país que enfrenta inflação descontrolada, consecutivas trocas de ministros da Economia e uma situação fiscal mais grave que a brasileira.
O desempenho da moeda brasileira foi extremamente negativo e se agravou ainda mais com as manifestações de caminhoneiros pelo país. A saída de capital estrangeiro pesou na cotação do dólar e certamente levará a uma pressão ainda maior sobre os preços dos produtos do país. “O dólar mantido neste patamar faz com que a gasolina e as commodities em geral fiquem mais caras, além dos alimentos. Em geral, de 5% a 10% da desvalorização do real é repassada em preços, o que hoje significa alta de até 0,30% nos preços no geral”, diz Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office.
Por isso, nesta quarta-feira, 8, o mercado reviu para cima a Selic na próxima decisão do Copom. Na segunda-feira, 6, o mercado se dividia em relação à estimativa de alta da Selic, entre 1 e 1,25 ponto percentual. Após a crise política, a taxa DI subiu, refletindo o prêmio que o mercado cobra para investir no país – os títulos DI com vencimento em 2027 fecharam em alta de 2,34%, a juros de 10,51%. Com esta elevação, conclui-se que mais de 90% das empresas do mercado financeiro estimam que o Copom elevará a Selic em 1,25 ponto percentual na próxima decisão de política monetária.