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Mulher de Carlos Ghosn pede ajuda de Bolsonaro no caso do marido

Solto após pagar fiança, executivo está impedido de deixar o Japão; Carole Ghosn diz não ver o marido desde abril e pede que presidente interceda

Por da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 16h03 - Publicado em 20 ago 2019, 09h53
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  • A mulher de Carlos Ghosn, ex-todo-poderoso da aliança de Renault e Nissan, resolveu fazer um apelo ao presidente Jair Bolsonaro para solucionar o caso do marido. Após ser preso por duas vezes e solto sob fiança em abril, o executivo não pode deixar o Japão. Sua mulher, Carole Ghosn, diz estar impedida de vê-lo desde a soltura. 

    Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo por telefone, do Líbano, Carole cobrou do governo uma posição mais enérgica em relação a um cidadão brasileiro que, em sua visão, não recebe tratamento justo. “É hora de o presidente brasileiro se envolver e perguntar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por que esse homem está na prisão”, disse. “Passaram-se nove meses e não há data para um julgamento. Não tivemos sequer acesso às evidências da acusação.”

    A família de Ghosn, que inicialmente optou pelo silêncio, decidiu falar após o executivo passar o Natal e o ano-novo sozinho em uma cela numa prisão de Tóquio. Membros da família se revezam para fazer companhia ao executivo enquanto ele responde ao processo. Carole, porém, foi proibida pelas autoridades do país de ver o marido. “A última vez que vi Carlos foi no dia 4 de abril.”

    Segundo ela, as autoridades do Japão decidiram impedi-la de ver o marido porque, ao fazer declarações à mídia, ela poderia influenciar potenciais testemunhas do caso. “Eles dizem que eu posso destruir evidências. Mas que evidências tenho para destruir? Eles me deixam entrar no país, mas se eu vir meu marido, ele volta para a cadeia”, disse. A Justiça japonesa já negou cinco pedidos de Carole para visitar o marido – o último deles há duas semanas.

    Como não existe data para o julgamento de Ghosn, a estratégia que resta a Carole é tentar chamar a atenção para o caso. Ela afirmou que já recebeu sinalizações importantes, como da Human Rights Watch, organização que deve divulgar em setembro um estudo sobre o sistema judiciário japonês que citará o caso do ex-executivo da Nissan. Ela disse que recebeu ajuda do Ministério das Relações Exteriores do Líbano, mas acredita que uma posição clara do Brasil faria muito mais diferença. Além da cidadania brasileira, Ghosn também é cidadão libanês e francês. 

    A irmã de Ghosn, Claudine, que vive no Rio de Janeiro, enviou, por meio de um interlocutor, uma carta a Bolsonaro em junho, quando ele foi ao Japão para a reunião do G-20. Agora, por meio de outro emissário, voltou a solicitar uma intervenção direta do presidente. Do primeiro contato, recebeu uma ligação do embaixador do Brasil no Japão. Procurado, o Itamaraty afirmou que “o consulado do Brasil em Tóquio acompanha o caso e presta a assistência consular cabível”.

    Apesar de ser uma luta com poucas chances de vitória – no Japão, 99% dos processos terminam em condenação, geralmente porque o acusado costuma confessar o crime -, Carole disse que, para Carlos, assumir alguma culpa está fora de questão. “Ele está triste e deprimido, mas, ao mesmo tempo, ele está pronto para o combate. E quer limpar seu nome.”

    Problemas com a Justiça

    O executivo de 65 anos, que comandava a aliança Renault-Nissan foi indiciado duas vezes por não declarar todos os rendimentos entre 2010 e 2018 nos documentos que a Nissan entregou às autoridades financeiras japonesas.

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    Também foi acusado por abuso de confiança, com a denúncia, entre outras coisas, de tentativa de fazer a Nissan compensar as perdas em seus investimentos pessoais durante a crise financeira de 2008.

    Em 6 de março, Ghosn foi libertado após passar 108 dias em um centro de detenção depois de pagar fiança de 1 bilhão de ienes ( cerca de 35,1 milhões de reais). No início do mês foi levado para a mesma prisão.

    Ele havia sido colocado em prisão domiciliar, porque o tribunal descartou o risco de fuga e de destruição de provas. Uma situação que, segundo os advogados, não mudou e poderia justificar uma nova libertação, à espera do julgamento. Em abril, o executivo pagou fiança fixada em 500 milhões de ienes (cerca de 4,46 milhões de dólares).

    (Com Estadão Conteúdo)

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