Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Mesmo com Casa Verde-Amarela desajustado, imóvel é esperança do PIB no ano

Apesar de disfunções no programa de habitação popular, mercado segue crescendo de forma acelerada este ano, o que anima investidores e consumidores

Por Felipe Mendes, Carlos Valim Atualizado em 28 set 2022, 09h07 - Publicado em 28 set 2022, 09h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Um dos principais propulsores da economia brasileira durante a pandemia de Covid-19, o setor da construção civil mostrou resiliência surpreendente mesmo frente aos avanços da taxa básica de juros, a Selic, que encarece o crédito imobiliário. Pelo segundo ano consecutivo, esse setor deve crescer acima da média do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Após avançar 7% em 2021, a divulgação do PIB do segundo trimestre mostrou que a construção foi uma das surpresas mais positivas para ajudar no crescimento do país, trazendo uma evolução de 9,9%, o que explica, inclusive, uma certa euforia de investidores com as ações de companhias do setor.

    Publicidade

    Nem mesmo o desempenho aquém do esperado no primeiro semestre para o Casa Verde e Amarela, programa habitacional que tomou lugar do bem-sucedido Minha Casa, Minha Vida, foi um problema maior para o setor. Mais sensível à queda na renda das famílias e ao aumento da inflação, o programa de habitação social viu o seu volume de lançamentos cair em 28,1% entre o segundo semestre de 2021 e os primeiros seis meses deste ano. “Quem manda na capacidade de compra é o salário das pessoas. Como o salário cresceu menos do que o custo da construção, ocorreu um descaso entre os dois fatores, o que fez despencar as vendas dessa categoria de imóvel no primeiro semestre. O empresário começou a ver que estava parando de vender e interrompeu os lançamentos, com medo de vender só no futuro”, afirma o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a CBIC, João Carlos Martins.

    Publicidade

    Depois de mudanças no programa em fevereiro e em maio deste ano, agora, o governo atendeu aos pedidos dos empresários atuantes no setor e espera um ‘boom’ de empreendimentos para 2023. Dentre as mudanças estão a liberação do uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o pagamento de parcelas do financiamento e a ampliação do prazo de financiamentos de 30 para 35 anos. “A gente bateu o recorde histórico de contratação no mês de julho. Foram 16,3 bilhões de reais em novos contratos de habitação, o que significa um crescimento de 38% em relação a julho de 2021. Além do recorde de julho, em agosto nós já atingimos mais de 600 bilhões de reais em carteira de crédito imobiliário”, diz a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, que projeta um crescimento de 20% na concessão de crédito por meio do programa do governo no segundo semestre deste ano frente ao mesmo período de 2021. “O ritmo está muito forte. Eu vejo o Brasil entrando em um ciclo virtuoso de crescimento”. Essa expansão, porém, não está garantida, uma vez que houve cortes para o programa no Orçamento enviado pelo governo ao Congresso referente a 2023.

    Dados do Ministério do Desenvolvimento Regional apontam para um déficit de 5,9 milhões de moradias no Brasil. Seriam necessários, então, investimentos anuais de 228,7 bilhões de reais para a construção de 1,2 milhão de unidades por ano, até 2030, como uma forma de zerar o déficit habitacional do país. Com essa demanda reprimida, as entidades que acompanham o dia a dia do setor acreditam na prosperidade das vendas em médio e longo prazo, sobretudo nos segmentos voltados à moradia popular e no médio padrão. “Hoje, o nosso principal indicador é o de financiamentos imobiliários, que continua forte. Se, em 2021, 55% dos financiamentos eram de imóveis usados, hoje isso caiu para a ordem de 39%, com a alta da venda de imóveis novos. Isso é um bom sinal”, diz Luiz França, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Uma pesquisa da associação em parceria com a consultoria especializada no segmento Brain indica que, mesmo com a alta da taxa de juros, 65% das pessoas dizem continuar à procura de imóveis. “Acima de tudo, isso acontece porque um imóvel é um investimento, um bom ativo também para quem quer se proteger da inflação”, defende França.

    Isso pode ajudar a explicar como o setor vem crescendo este ano, consolidando-se como uma das surpresas positivas para o crescimento do PIB, mesmo num momento de queda de 6% no número de unidades lançadas nos primeiros seis meses do ano, segundo dados da CBIC. Os estoques acumulados até aqui e o preço dos imóveis ajudaram o faturamento do mercado crescer 1,4% no mesmo período. Para o segundo semestre, a expectativa é que as incorporadoras voltem a fazer estoque de imóveis.

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.