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Mercado vê inflação maior que em 2020 e aumenta pressão por alta nos juros

Segundo relatório Focus, expectativa é que IPCA encerre o ano em 4,60%, acima dos 4,52% do ano passado; Copom deve subir taxa Selic nesta semana

Por Larissa Quintino Atualizado em 15 mar 2021, 22h46 - Publicado em 15 mar 2021, 08h56
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  • Chega em dez o número de semanas em que o mercado financeiro puxa para cima a previsão de inflação oficial no país. Segundo o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 15, a previsão é que Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, feche o ano em 4,60%. Na semana passada, a estimativa era de 3,89% e há um mês, de 3,60%. A projeção fica acima da inflação acumulada em 2019 e também acima da meta para o indicador no ano, de 3,75%, mas ainda dentro da margem de tolerância. A projeção pressiona ainda mais o Comitê de Política Monetária na decisão sobre a Selic. O Copom se reúne entre terça e quarta-feira desta semana e há expectativa de aumento nos juros para conter a inflação.

    As previsões vêm de encontro com a inflação crescente, que registrou em fevereiro o maior índice para o mês em cinco anos. Com isso, há a expectativa de que o Copom comece a subir os juros — pela primeira vez em pouco mais de seis anos. Ao aumentar a taxa de juros, o custo do crédito se eleva e um dos efeitos disso é a diminuição do consumo. Com a queda da demanda, os preços tendem a arrefecer. Atualmente a Selic está em 2%, a menor da história. A expectativa do mercado financeiro é que a taxa comece a subir a partir da reunião desta semana — entre 0,25 e 0,5 ponto porcentual. Segundo o Focus desta semana, a estimativa dos analistas é que haja reajuste crescente na Selic até que ela encerre o ano em 4,50%. A última vez que a Selic esteve neste patamar foi em dezembro de 2019.

    A inflação serve como um termômetro da economia e diversas variantes a afetam. No ano passado, o índice chegou a ter deflação entre abril e maio, devido à queda do consumo e, posteriormente, voltou a subir com o reaquecimento da economia. Com maior demanda aqui e no mundo por alimentos, além de outras variáveis como o real desvalorizado e commodities caras, os preços começaram a subir e impactaram no indicador, que fechou o ano em 4,52%, acima do centro da meta de 4% definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Considerada passageira pelo governo e Banco Central, o índice de preços continua mostrando alta consistente. Os alimentos, até então, não sobem no mesmo ritmo do ano passado, mas outros produtos que pesam no orçamento, como combustíveis, estão pressionando o índice. O real desvalorizado e a alta de commodities como o petróleo afetam na inflação.

    Crescimento do país

    Além da previsão de maior inflação, os economistas consultados pelo Banco Central também revisaram as previsões para o crescimento do PIB neste ano. Pela terceira semana consecutiva, analistas enxergam que o crescimento será menor. Nesta semana, a revisão foi de 3,26% para 3,23%. Há um mês atrás, a projeção era de 3,43%. Apesar da revisão, o mercado estima uma reação após o tombo da economia em 2020.

    A escalada de casos do novo coronavírus e os percalços da vacinação são pontos de atenção para a retomada, já que o impacto da doença continua presente. Estados e municípios voltaram a adotar medidas mais restritivas a fim de evitar o colapso no sistema de saúde.

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    A volta de atividade econômica depende do andamento das reformas, essencial para melhorar o ambiente de negócios e para destravar investimentos, estimulando assim a recuperação. A PEC Emergencial, medida que cria gatilhos para o ajuste fiscal em caso de crise financeira foi aprovada no Senado ,, na semana passada, pela Câmara dos Deputados. A PEC abre espaço para a reedição do auxílio emergencial — em menor valor e proporção do que no ano passado, mas suficiente para aumentar a atenção sobre o risco fiscal do país caso o restante da agenda reformista não ande. O auxílio deverá pagar parcelas entre 175 reais e 375 reais nos próximos quatro meses.

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