O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta sexta-feira, 25, a decisão do presidente Michel Temer de usar as Forças Armadas para desobstruir as estradas bloqueadas pelos caminhoneiros, que protestam contra o alto preço dos combustíveis. Maia disse que a continuidade da manifestação da categoria mesmo após acordo com o governo é resultado da falta de credibilidade das palavras de Temer.
“O (uso do) Exército é desnecessário. A utilização das Forças Armadas não parece o passo correto neste momento. Os manifestantes estão dialogando. Uma parte ontem (quinta-feira) deixou claro que o acordo que vinha sendo feito não ia impactar a ponta, e foi o que aconteceu”, afirmou. “Então, acho que tem que tomar cuidado. Desobstruir a estrada é uma coisa, usar as Forças Armadas é outra. As Forças Armadas têm que ocupar outro papel nessa história”, emendou.
Para o presidente da Câmara, é preciso limite tanto para a ação dos manifestantes quanto para do governo. “Infelizmente, as palavras do presidente estão tendo pouca credibilidade com a sociedade, que, de forma legítima, está se manifestando”, declarou. “Quando a sociedade é atingida, os hospitais são atingidos, as escolas são atingidas, não é bom. Bom é que, através do diálogo, através da credibilidade da palavra de cada um de nós, se consiga avançar”, acrescentou.
Maia fez duras críticas ao governo em geral. Para ele, o país vive atualmente a “crise mais profunda da nossa história”. “O Brasil sai da recessão no governo do presidente Michel Temer, mas, do ponto de vista da melhoria da qualidade de vida das famílias, não aconteceu nada. Porque todas as empresas estão com muita capacidade ociosa, não tem ninguém gerando novos empregos e principalmente empregos de qualidade, melhorando a renda do trabalhador”, disparou.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse hoje que o governo pode editar um decreto que permitirá a retomada dos caminhões dos grevistas que se recusarem a desobstruir as rodovias. A medida seria tomada com base no artigo 5º, inciso 25 da Constituição. Esse inciso diz que ‘no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano’.
“Caso se faça necessário, disporemos de motoristas para pilotar e guiar veículos, inclusive privados, para que o desabastecimento seja contido e se restabeleça o abastecimento em prol do governo brasileiro”, afirmou Jungmann ao detalhar as medidas de segurança que serão tomadas após o presidente Michel Temer afirmar que usará as forças federais para liberar as rodovias.