Amparados pela queda nos preços dos alimentos em abril, os dados do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos mostraram um importante alinhamento com as expectativas do mercado, mesmo sem melhora do segmento de bens de consumo. O PCE é o indicador preferido pelo Federal Reserve, o banco central americano, para a condução da política monetária.
Divulgado mais cedo, o PCE em base mensal marcou uma inflação de 0,3%, enquanto o índice em base anual foi de 2,7%, ambos em linha com o esperado. O núcleo do indicador — que exclui preços mais voláteis, como energia e alimentação — mostrou inflação de 0,2% no comparativo mensal e 2,8% no ano contra ano, também de acordo com a expectativa de analistas.
O núcleo de bens de consumo permanece em território deflacionário, com quedas tanto em novos veículos, como em carros usados, em linha com os indicadores de varejo já divulgados. O setor imobiliário também mostrou uma importante melhora, refletindo o declínio de preços em aluguéis, mas ainda em um ritmo distante do que é necessário para a inflação de serviços ajudar o índice como um todo a voltar para a meta — a inflação de serviços é um dos pontos mais citados pelo banco central americano para o futuro da política monetária.
“A inflação do PCE ainda parece um pouco rígida no ritmo anual, mas há boas notícias em termos mensais, já que o núcleo do PCE caiu. Globalmente, a desinflação ainda está intacta, mas o progresso continua lento”, afirma Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.
Os dados do PCE de abril mostram uma tendência de melhora da inflação em relação ao primeiro trimestre, o que mantém viva a expectativa de um afrouxamento monetário nos Estados Unidos ainda este ano — em setembro e novembro, conforme a maioria dos economistas. O PCE de abril abre expectativas positivas tanto para a evolução do indicador em maio, quanto para o CPI, o índice de preços ao consumidor americano, mas o progresso dos núcleos segue estagnado.