A inflação já caminha em direção à meta oficial em 2018, afirmou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Foi a primeira vez que a inflação oficial ficou abaixo do piso desde que o regime de metas foi estabelecido, em 1999.
No documento, ele afirma que o IPCA ficou abaixo do alvo oficial em 2017 “em razão da deflação dos preços dos alimentos no domicílio”. Segundo ele, esse subgrupo acumulou em doze meses alta de 16,79% em agosto de 2016, de 9,36% no encerramento de 2016 e -4,85% no fim de 2017.
“A queda de 14,21 pontos porcentuais (p.p.) entre o fim de 2016 e o de 2017 na inflação do subgrupo alimentação no domicílio contribuiu com 2,39 p.p. para a queda da inflação medida pelo IPCA, de 6,29% em 2016 para 2,95% em 2017”, disse Goldfajn.
Segundo ele, se for excluído do IPCA o subgrupo alimentação no domicílio, “fazendo posteriormente a reponderação do índice, a inflação passaria de 5,68% em 2016 para 4,54% em 2017, valor muito próximo à meta de inflação para esse ano”.
Na carta, ele acrescenta que a condução da política monetária continuará dependendo de diversos fatores, entre eles projeções e expectativas de preços.
“O BC seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário desse choque de alimentos, permitindo a queda da inflação para abaixo da meta”, afirmou Ilan.
O Banco Central tem a obrigação de divulgar uma carta, explicando os motivos do não cumprimento da meta, quando a inflação fica abaixo do patamar mínimo. A instituição, por meio do Copom, determina a taxa de juros usada para ajudar a controlar a alta dos preços.
O IPCA fechou 2017 em 2,95%, abaixo da meta de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, que também vale para 2018.
A taxa acumulada pelo IPCA no ano é a menor desde 1998 (1,65%), segundo o IBGE. Em dezembro, houve avanço nos preços de 0,44%, ante alta de 0,28% em novembro. A alta no último mês foi puxada pela alta nos grupos alimentação e bebidas e transportes.
Preços
O grupo de alimentos teve a primeira queda desde o início do Plano Real (1994), enquanto os itens de saúde e cuidados pessoais foram os que mais subiram de preço, puxados por reajustes em planos de saúde e remédios. Desse modo, todos os dez itens que ficaram mais baratos no ano passado são gêneros alimentícios – há também itens que ficaram mais caros nesse grupo. Plano de saúde aparece como o 7º item que mais subiu.
O IPCA indicador monitora o comportamento mensal dos preços para famílias com renda entre um salário mínimo (937 reais) e quarenta salários mínimos (37.480 reais) por mês. O IBGE atribui pesos diferentes para cada item, segundo a importância que tem no orçamento dos brasileiros – o grupo alimentação corresponde a cerca de um quarto dos gastos.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)