Por Helio Barboza e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 13 Jan (Reuters) – O emprego industrial no Brasil diminuiu 0,1 por cento em novembro de 2011 frente ao mês anterior, com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desacelerando ante as quedas dos dois meses anteriores.
Na comparação com novembro de 2010, o emprego industrial teve retração de 0,5 por cento, segunda queda anual consecutiva e a mais intensa desde janeiro de 2010, quando recuou 0,9 por cento em relação a janeiro de 2009.
“Você não tem um reflexo direto, tão rápido entre o crescimento da produção e o emprego e, mais do que isso, houve um acréscimo na margem da produção industrial. Mas permanece o cenário de menor dinamismo da produção, o cenário ainda é de desaceleração”, disse à Reuters o economista do IBGE, André Macedo. “Foi uma taxa menos negativa para o emprego em novembro, mas em linhas gerais, uma sequência de 3 taxas negativas mostra um mercado de trabalho menos favorável”, acrescentou o economista.
Com a queda de novembro, o índice de média móvel trimestral passou a mostrar variação negativa de 0,3 por cento, frente ao patamar do trimestre encerrado em outubro, após ficar praticamente estável desde o final de 2010.
No acumulado dos últimos doze meses, o emprego industrial registrou expansão de 1,3 por cento em novembro. Nos onze primeiros meses do ano passado, o emprego no setor avançou 1,1 por cento, mas num ritmo menor que nos meses anteriores.
INDÚSTRIA PAULISTA
A queda de 0,5 por cento no emprego industrial na comparação entre os meses de novembro de 2011 e 2010 é resultado de demissões em sete dos 14 locais pesquisados pelo IBGE. “É um resultado que remonta ao que aconteceu na produção industrial”, afirmou Macedo. “A produção caiu 2,5 por cento na comparação entre os meses de novembro, o que representa o pior resultado desde outubro de 2009”, lembrou.
O IBGE apurou que o maior impacto negativo sobre o emprego industrial de novembro foi observado no Estado de São Paulo, onde houve queda de 3,7 por cento em relação a outubro. A indústria paulista registrou redução do pessoal ocupado em 15 dos 18 setores investigados, com destaque para as indústrias de borracha e plástico, com tombo de 11,9 por cento; alimentos e bebidas (-3,9 por cento); e produtos de metal, com baixa de 6,5 por cento.
No levantamento por setores, o emprego industrial recuou em 11 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para calçados de couro, que diminuiu a força de trabalho em 8,2 por cento; borracha e plástico (-6,4 por cento); vestuário, cujo pessoal empregado diminuiu 4,4 por cento, e a indústria da madeira, com declínio de 11,8 por cento na comparação com outubro.
SALÁRIOS
O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria caiu 0,2 por cento em relação a outubro, terceira queda consecutiva, com perda de acumulada de 2 por cento nesse período.
Por outro lado, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria, ajustado sazonalmente, subiu 0,3 por cento em novembro frente a outubro, após recuar por dois meses consecutivos e acumular nesse período perda de 4,3 por cento. Na comparação com novembro de 2010, o ganho foi de 2,1 por cento.
Em São Paulo, houve queda no salário do trabalhador de 0,8 por cento. “Isso (em São Paulo) é reflexo da perda de dinamismo do setor, que em novembro teve um caráter generalizado”, disse Macedo. “Em agosto, as empresas pagaram muitos prêmios e bônus para seus funcionários, o que puxou o salário para cima, e depois vieram quedas na indústria geral por dois meses, sob influência desse movimento atípico”, afirmou o economista.