SÃO PAULO, 6 Fev (Reuters) – A indústria brasileira de suco de laranja removeu o carbendazim de sua lista de fungicidas recomendados para produtores, após o órgão regulador para alimentos dos EUA (FDA) bloquear a entrada de diversos embarques de suco que deram positivo para o teste do agroquímico, proibido nos Estados Unidos.
Em um sinal de que a maior indústria de suco de laranja do mundo está se adaptando para acomodar a recente rejeição do FDA ao carbendazim, a fundação de pesquisa Fundecitrus, que dá suporte técnico à produtores brasileiros, retirou o químico da lista de tratamentos recomendados para a safra.
“A lista não possui força de lei. Seria necessário vir uma proibição ao carbendazim da Secretaria de Agricultura”, disse Michele Carvalho, porta-voz da Fundecitrus.
Inspetores dos EUA bloquearam outros 20 embarques de suco de laranja na semana passada, 11 deles do Brasil, por conterem traços do fungicida.
“Produtores prestam atenção à nossa lista e eles estão a par dos problemas recentes do suco brasileiro entrando nos EUA”, acrescentou ela.
A indústria brasileira de suco de laranja é dominada por três companhias, que produzem cerca de 30 por cento da fruta que processam, e dependem de produtores independentes.
A Sociedade Rural Brasileira fez nesta segunda-feira um alerta aos produtores: “Suspendam imediatamente o uso de Carbendazim!”.
“É preciso enfatizar que, ainda que a aplicação dos produtos referidos (carbendazim e tiofanato-metilo) seja permitida pela legislação brasileira, a proibição de seu uso em pomares é crucial neste momento”, disse a SRB.
Os preços dos futuros para suco de laranja concentrado têm oscilado por conta da incerteza em torno da possibilidade de o FDA banir o produto brasileiro.
O Brasil é o maior exportador do produto e os Estados Unidos importam boa parte das indústrias brasileiras. O suco brasileiro representa um décimo do consumo norte-americano.
O FDA disse que não houve mudança em seu padrão para resíduos no suco de laranja. O órgão proíbe a entrada de carregamentos com dez partes por bilhão, ou mais, de carbendazim.
(Reportagem de Reese Ewing e Roberto Samora)