Cerca de 7 mil dos 12 mil trabalhadores dos setores produtivo e administrativo da Embraer, em São José dos Campos (SP), iniciaram nesta terça-feira uma greve de 24 horas por um reajuste de 10% nos salários, ante uma proposta de 6,6% da companhia.
“Por enquanto, a greve é de 24 horas, mas nesta quarta-feira faremos uma votação na assembleia. Se a empresa não fizer proposta, não avançar em nada e se os trabalhadores decidirem que devem continuar, seguiremos em greve”, disse o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros da Silva. Ele lembra que a data-base da categoria foi em 1º de setembro e as negociações entre os trabalhadores e a Embraer seguem há quase dois meses sem conclusão.
A paralisação ocorre um dia antes do pagamento da primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2014 pela Embraer. Cada trabalhador receberá um valor fixo de 912,31 reais e mais 12,44% sobre o salário, valor considerado baixo pelo sindicalista. “Um trabalhador que ganha R$ 10 mil, por exemplo, vai receber pouco mais de R$ 3 mil de PLR. Na General Motors, em São José dos Campos, com todos os problemas, a PLR é de R$ 16 mil”, disse.
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Segundo o vice-presidente do sindicato, a Embraer passa ainda por um “processo de desnacionalização de seus aviões” e o próprio KC-390 seria um exemplo dessa política da companhia. “Muitas partes desses aviões serão feitas nos Estados Unidos e em Portugal”, disse Silva.
O sindicalista alerta ainda que a busca pela Embraer de componentes para os aviões em outros países atinge fornecedores da companhia na região do Vale do Paraíba. Em Jacareí, a fábrica C&D, que já empregou mais de 180 funcionários, terminará o ano com apenas 35 na produção. Já Latecoere do Brasil, na mesma cidade, deixará de produzir a fuselagem dos Embraer 190 e 195 a partir de 2017, cujas peças virão dos Estados Unidos.
(Com Estadão Conteúdo)