O ex-bilionário Eike Batista admitiu ter cometido um “erro estratégico” ao não vender parte da OGX. Ele também reconheceu que deveria ter diluído o risco de seus negócios envolvendo petróleo. “Um erro estratégico enorme foi o de eventualmente não vender pedaços dos meus blocos na pesquisa do risco, que é o que todo mundo faz”, declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico. “Tem uma empresa, cujo nome não vou relevar, que ofereceu 7 bilhões de dólares para ficar com 30% das nossas área de Campos. Só que o meu pessoal falou assim: ‘Vale três vezes mais’. Se seu pessoal fala isso, você não vende. Fui com muita sede ao ponte”, disse.
Apesar de Eike não confirmar, o jornal apurou que a oferta teria sido feita pela chinesa Sinopec. Após a negativa de Eike, a empresa teria decidido investir os mesmos 7 bilhões de dólares na Repsol, o que, de fato, ocorreu em outubro de 2010, quando os chineses adquiriram 40% da operação brasileira da companhia espanhola.
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Na entrevista, Eike culpa os geólogos pelo excesso de entusiasmo com os poços de Campos. “Dentro de uma empresa de petróleo, há o lado muito eufórico do geólogo e tem o corpo de engenharia de reservatório. Você tem que, realmente, ouvir o cara da engenharia de reservatório, que é megaconservador”, comparou. Segundo ele, no entanto, sem otimismo não se vai a lugar algum no mundo dos negócios.
Dono da oitava maior fortuna do mundo há três anos e hoje com uma remuneração de ‘apenas’ 5 milhões de dólares por ano, do Mubadala – fundo soberano de Abu Dahbi -, Eike ainda disse que não se arrepende de ter ido ao mercado de capitais. Ele também afasta acusações de ter sido ajudado pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. “As pessoas cometem o seguinte erro: ‘O Eike só investe naquilo que vai beneficiá-lo’. Eu nunca fiz obra para o governo. Nunca recebi dinheiro”, disparou.
Em diversos momentos da conversa, Eike completava as respostas com a expressão “I’ll be back” [eu vou voltar], frase associada ao ator Arnold Shcwarzenegger, protagonista do filme O Exterminador do Futuro. Vale lembrar que a retomada do império de Eike tem desafios legais à frente. Isso porque o empresário é réu em duas ações penais na Justiça Federal do Rio. Ele é acusado de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado na negociação de ações da petroleira OGX e da empresa de construção naval OSX.