Os recentes tiroteios em massa nas cidades de Buffalo, Nova York, e Uvalde, Texas, levaram o Congresso dos Estados Unidos a investigar os principais fabricantes de fuzis do modelo AR-15. Apenas cinco companhias na indústria arrecadaram mais de 1 bilhão de dólares em receita na última década, vendendo especificamente essas referidas armas, de uso militar, para civis nos Estados Unidos. Os assassinatos recentes, com os rifles das empresas, totalizam 300 vítimas.
Historicamente, esse modelo de arma é a escolha preferida dos assassinos em massa, devido ao seu grau de letalidade, e as companhias Bushmaster, Daniel Defense, Sig Sauer, Smith & Wesson, Ruger & Company, protagonizam as vendas. Segundo o Comitê de Supervisão e Reforma, da Câmara dos Deputados, responsável pelas investigações, as cinco empresas vêm utilizando táticas de vendas classificadas como “perturbadoras” e “mortais”. Homens jovens seriam o público alvo das jogadas de marketing, incluindo discursos atiçando a insegurança e masculinidade dos potenciais compradores, assim como, “referências veladas a grupos supremacistas brancos”, segundo o comitê.
Para tal afirmação, os congressistas citam exemplos como uma tatuagem – valknot, símbolo de extremistas – utilizada por um modelo em pôster publicitário da Daniel Defense. O símbolo é também referido a militantes do grupo conspiratório “QAnon”, incluindo o famoso supremacista que invadiu o capitólio americano em janeiro de 2021, com trajes no estilo viking.
O documento revelado nesta quarta-feira, 27, antecipa as discussões da audiência no Congresso, também hoje, sobre a comercialização de fuzis. Como conclusão, o comitê indica a falha das empresas em tomar as medidas básicas para monitorar a violência causada pelos produtos vendidos, que só registram aumento nos últimos tempos. No intervalo de 2012 a 2021, a Daniel Defense cresceu 347% em vendas de rifles, enquanto a Ruger cresceu 104%, por exemplo.
Citando pesquisa do centro de pesquisas Harvard Injury Control Research Center, o Comitê aponta para uma forte correlação entre o aumento nas vendas na indústria armamentista com as taxas de homicídios, suicídios e mortes acidentais por armas. Nos últimos 10 anos, os óbitos provocados diretamente por armas passaram de um número abaixo dos 35 mil em 2012 para um total de aproximados 45 mil em 2021.