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Em semana de decisão sobre juros, mercado projeta inflação mais alta

Segundo Boletim Focus, inflação deve encerrar 2021 em 5,04%, acima da meta de 3,75%, e da projeção de 4,81% de um mês atrás

Por Larissa Quintino Atualizado em 3 Maio 2021, 09h25 - Publicado em 3 Maio 2021, 09h16
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  • A alta nos preços, tratada como transitória no ano passado, persiste, e já levou a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Em 2021, o índice subiu pela primeira vez em mais de meia década e a expectativa de analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) faça um novo ajuste na reunião que se encerra nesta quarta-feira, 5. A previsão para a inflação oficial do país continua a acelerar. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, analistas acreditam que o IPCA deve encerrar o ano a 5,04%, a quarta alta seguida consecutiva. Na semana passada, a projeção era de 5,01% e há um mês, de 4,81%. A projeção está bem acima do centro da meta, de 3,75% e próxima da margem de tolerância, que vai até 5,25%. As projeções foram divulgadas nesta segunda-feira, 3, pelo Banco Central.

    A projeção fica acima da inflação acumulada em 2020, de 4,52%, e a estimativa pra a inflação em 2022 está em 3,61%, ligeiramente maior que os 3,60% da semana anterior, mas acima do centro da meta de 3,50% para o próximo ano.

    A inflação serve como um termômetro da economia e diversas variantes a afetam. Em abril, com a estabilização maior no preço dos combustíveis e até algumas quedas dos preços nas refinarias definidas pela Petrobras, a pressão inflacionária foi menor, mas ainda é relevante. O IPCA-15, que mede a prévia da inflação, subiu 0,60%, menos que os 0,93% no período anterior, mas trouxe alta maior nos preços dos alimentos, os “vilões” da inflação de 2020. O IGP-M, da Fundação Getulio Vargas, ficou em 1,51% no mês, abaixo dos 2,94% de março. Apesar do sinal de desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses é alta. No caso da prévia da inflação oficial, de 6,20%. Em maio, é estimada uma nova pressão, vinda de preços administrados de habitação, com alta já anunciada de 40% do gás encanado e bandeira tarifária vermelha para a energia no mês.

    É nesse contexto que a alta na taxa de juros é esperada. No Boletim Focus desta semana, o mercado financeiro manteve a projeção de 5,50% para a Selic até o fim do ano, o dobro da taxa atual, que está em 2,75%. Na ata da última reunião, o Copom afirmou que aumentaria a taxa “na mesma magnitude”, ou seja, de 0,75 ponto porcentual na reunião de maio se as condições não se revertessem. O mercado, porém, já projeta alta na Selic para 2022 e vê a taxa a 6,25% ao final do próximo ano, mostrando a tendência de um ciclo contínuo de altas.

    A subida dos juros é uma estratégia de política monetária utilizada em casos de inflação alta porque desestimula o consumo. Com a Selic mais alta, o valor do crédito sobe. Porém, o cenário é complexo para o país. Com atividade econômica fraca e risco fiscal elevado, o remédio é amargo. O risco é a chamada estagflação — combinação temerária de estagnação econômica com inflação, um dos pesadelos dos economistas.

    Crescimento do país

    Além da previsão de inflação maior e juros mais altos, o Boletim Focus revisou a expectativa para o crescimento do PIB. Após sete semanas de queda, os economistas passaram a prever recuperação melhor da economia, com crescimento de 3,14% para este ano, acima dos 3,09% projetados na  No início de 2021, entretanto, o mercado chegou a projetar alta de 3,50%.

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    A magnitude da pandemia no país e a vacinação, que até então caminhava a passos lentos pesam nas estimativas. Na última semana, entretanto, com a aceleração da campanha de imunização, restrição menor de estados e municípios, bem como uma desaceleração no número de óbitos, foi aberto espaço para uma perspectiva melhor.

    Vale lembrar que a volta da atividade econômica depende do andamento das reformas, essencial para melhorar o ambiente de negócios e para destravar investimentos, estimulando assim a recuperação. Há sinalizações do Congresso sobre reforma administrativa e tributária, mas o fato é que o risco fiscal continua grande. Os gastos fora do teto devem ultrapassar os 100 bilhões de reais neste ano, pesando nas tão combalidas contas do país.

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