Influenciado pelo cenário internacional, o mercado de câmbio viveu uma quinta-feira de intensa volatilidade. Na mínima do dia, o dólar foi vendido por 3,68 reais, mas chegou a bater 3,72 reais na cotação máxima. Ao final, encerrou o pregão em 3,71 reais, uma alta de 0,6% em relação ao dia anterior.
Segundo os analistas, a alta do dólar está diretamente relacionada ao cenário internacional, como as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, o cancelamento da viagem do presidente americano Donald Trump ao Fórum Econômico de Davos e a possível desaceleração da economia chinesa.
Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, diz que a expectativa de um desfecho favorável para as negociações comerciais entre Estados Unidos e China também arrefeceu, afetando o humor do mercado. “Havia um otimismo por conta de uma possível aproximação. Mas não houve indícios de avanços.”
Outro problema, segundo ela, foi o fato de os dados de inflação da China virem abaixo do esperado. “Isso sinaliza que o país está em rota de desaceleração, o que acaba afetando os países emergentes.”
Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset, diz que os grandes investidores agiram com cautela mesmo antes da fala de Powell. “A declaração dele fez as bolsas lá fora afundarem, e fez o dólar subir mais.”
Para Cleber Alessie Machado, operador de câmbio da corretora H.Commcor, o gatilho para a alta do dólar foi a fala do Powel, mas não indica uma tendência para o mercado de câmbio. “Quem estava vendendo, passou a recomprar como forma de proteção a ativos de risco. Isso não significa uma virada de humor.”
No caso da bolsa, Ari Santos, gerente da H.Commcor, diz que a queda desta quinta-feira está dentro do esperado. Aconteceu o que o mercado costuma chamar de realização: investidores vendem papéis que se vaorizaram nos últimos dias para lucrar.
“Foi uma queda mínima perto da alta acumulada de 6% no ano. Já rendeu quase o mesmo que um ano de CDI”, afirma Santos.