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Dólar está no menor patamar em quatro meses e analistas explicam por que

Selic deve alçar Brasil ao maior juro real do mundo até o fim de 2022; com ativos baratos, país já atrai investimentos internacionais

Por Luisa Purchio Atualizado em 2 fev 2022, 17h48 - Publicado em 2 fev 2022, 08h02
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  • A moeda americana iniciou fevereiro em queda no cenário internacional e no Brasil não é diferente. No primeiro pregão do mês, a moeda recuou 0,65%, saindo dos 5,36 reais e chegando ao patamar de 5,27 reais. Apesar de ainda estar alto, a queda do dólar representa alívio para os brasileiros, que desde 2020 vem acompanhando a disparada da cotação da moeda americana acima dos 4 reais, com picos acima de 5,70 no final do ano passado. O valor de fechamento de ontem foi o menor desde 15 de setembro (5,26 reais).

    A explicação para este fenômeno está em diversos fatores, entre eles o aumento da taxa Selic pelo Banco Central. O consenso do mercado, em conformidade com o comunicado da última decisão do Copom no final do ano passado, é que o Bacen vai elevar a Selic em 1,75 ponto percentual na primeira decisão deste ano, que ocorrerá na quarta-feira, 2, e levará os juros para 10,75% ao ano. Até o final do ano, a expectativa do mercado é que a Selic alcançará 11,75%.

    Para a Necton Investimentos, a projeção para o câmbio ao fim de 2022 caiu de 5,40 reais para 5,20 reais, principalmente pelo fato de o Brasil estar à frente dos outros países na subida de juros. Além disso, a corretora considerou a tendência de queda da inflação nos próximos doze meses e a balança comercial positiva, incentivada pela alta dos preços das commodities no mercado internacional, as reservas de dólar do país e o superávit fiscal.

    “Os juros reais brasileiros devem ser os maiores do mundo ao final de 2022”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton. “O Brasil exporta duas coisas: commodities e taxa de juros. Em 2022, os dois aspectos estão num patamar adequado. O viés é para baixo do câmbio ao longo do ano e mesmo uma eventual alta dos juros nos EUA mais forte que o projetado não deve reverter o fluxo em direção ao país”, diz ele.

    Outro fator que vem contribuindo para a valorização do real em relação ao dólar é a atração de investimentos internacionais para a bolsa. Dados da B3 mostram que entre os dias 3 e 28 de janeiro os estrangeiros aportaram mais de 344 milhões de reais na bolsa, o que gerou um saldo positivo de 30,6 milhões de reais em relação às vendas, maior que todos os meses do ano passado.

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    O fato de a bolsa brasileira possuir muitos ativos baratos e de boa qualidade em relação aos seus pares internacionais, fruto das instabilidades políticas e fiscais que atingiram o mercado local durante o ano passado, também contribui com esse fluxo. “Temos um aumento de investimentos estrangeiros nas bolsas brasileiras, esperando o final das eleições e, portanto, uma melhora na expectativa da economia brasileira, o que tem fortalecido um pouco a taxa de câmbio”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

    Cenário global

    O cenário internacional também é responsável pela queda do dólar. Nesta terça-feira, 1º, dez moedas de países emergentes se valorizavam em relação à moeda americana. Até às 16h50, o Brasil liderava o ranking, seguido pelo rublo russo e o rand-sulafricano. “O dólar está enfraquecendo no mundo todo em um dia de tomada de risco pelo mercado”, diz Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office. “Por mais que haja o cenário de alta de juros nos Estados Unidos, ela não é assustador e mantém os juros em níveis confortáveis. Os ativos de risco sofreram neste ano e há uma descompressão do temor que causa esta desvalorização”, diz ele.

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