Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Do luxo à Justiça: como a compra da Tiffany pela Louis Vuitton deu errado

LVMH quis baixar valor de US$ 16,2 bi da compra, alegando questões diplomáticas e má gestão; joalheria de Nova York exige na Justiça o cumprimento do acordo

Por Larissa Quintino 11 set 2020, 14h14
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em outubro do ano passado, burburinhos de uma fusão para lá de luxuosa tomaram conta do mercado. O conglomerado francês LVMH, dono da marca Louis Vuitton, começou a negociar a aquisição da Tiffany & Co., a icônica marca de joias americana. Um mês depois, os franceses confirmaram a aquisição da companhia em um negócio de 16,2 bilhões de dólares. A previsão era que o acordo fosse sacramentado em junho deste ano, mas, em meio a pandemia do novo coronavírus, a futura dona da joalheria adiou a conclusão da fusão por três vezes e depois afirmou que desistiria da compra sob alegação de questões diplomáticas entre os governos franceses e americanos. O namoro entre as marcas não terminou com um diamante para sacramentar o casamento, nem com um café da manhã na Quinta Avenida, e sim com um processo. Nesta semana, a Tiffany ingressou com uma ação na Justiça dos EUA pedindo a concretização do negócio pelos termos acordados. Por outro lado, a Louis Vuitton alega má gestão da joalheria centenária durante a pandemia para conseguir romper o acordo e não fazer a fusão bilionária. 

    A aquisição estava prevista para ser concluída em junho deste ano, mas, em meio à pandemia, o prazo foi estendido para 24 de agosto e, posteriormente, para 24 de novembro. Como a pandemia foi danosa para o mercado de luxo em todo mundo, Bernard Arnault, dono do conglomerado e homem mais rico da França, tentou reabrir as negociações para baixar o preço previsto, de 135 dólares por ações, porém uma nova rodada de conversas não foi aceita pela joalheria. 

    No anúncio da desistência, feito na última quarta-feira, a LVMH argumentou ter recebido uma carta do Ministério das Relações Exteriores da França solicitando novo atraso no negócio, até o início de 2021, por ameaças do governo americano de impor taxas sobre produtos franceses de luxo. Estados Unidos e União Europeia vivenciam escalada de tensões comerciais após os europeus anunciarem a criação de um imposto para taxar as gigantes do setor de tecnologia. A Tiffany questiona que a carta seria uma forma de tentar fugir do acordo. Segundo o jornal The Wall Street Journal, autoridades diplomáticas francesas afirmam que não há implicação nenhuma na compra da Tiffany nas negociações comerciais entre os países.  Quem coordena as tratativas de taxação é o Ministério das Finanças, que não teria coordenado o envio da carta. O texto mandado pelo ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, seria a resposta ao pedido de ajuda feito por Arnault para se desfazer da aquisição. 

    Após a reação da Tiffany em protocolar uma ação contra a empresa francesa no tribunal de Delaware, a Louis Vuitton afirmou que os resultados do primeiro semestre da joalheria e suas perspectivas para 2020 “são muito decepcionantes” e significativamente inferiores aos de marcas comparáveis ​​do Grupo LVMH durante este período. Em comunicado, a empresa afirmou que a má gestão da Tiffany durante a crise, significa que a empresa sofreu um evento adverso relevante, que segundo o acordo de fusão permitiria à LVMH desistir do negócio.

    Uma cláusula material adversa é uma parte padrão dos acordos de fusão que permite aos compradores desistir se ocorrer um evento que prejudique o alvo antes do fechamento. Os tribunais de Delaware, que têm jurisdição sobre a aquisição da Tiffany, permitiram apenas uma vez que uma empresa desistisse de um negócio invocando tais cláusulas. Ou seja, há uma grande disputa jurídica pela frente, prevê o The Wall Street Journal.

    A LVMH citou como evidência de má gestão a decisão de pagar todos os dividendos durante a pandemia. Nos seis meses encerrados em 31 de julho, as vendas da Tiffany caíram 37% e a empresa perdeu 32,7 milhões de dólares. Entretanto, na avaliação da GlobalData PCL, empresa de análises de mercado, o desempenho da Tiffany foi “razoavelmente bom” comparado com o restante do mercado de luxo. A queda nas vendas, aliás, foi em linha com a divisão de joias e relógios do conglomerado LVMH.  A redução foi de 38% e o prejuízo operacional de 20 milhões de dólares. O lucro geral da LVMH no primeiro semestre foi de US $ 522 milhões, uma queda acentuada, mas ainda impulsionada pelas fortes vendas na Louis Vuitton, Dior e sua marca de conhaque Hennessy.

    Continua após a publicidade

    A tentativa de defesa da gigante francesa de luxo é mostrar às autoridades que não tem culpa de a aquisição ter dado errado. A empresa informou que planeja buscar a aprovação para a fusão da Comissão Europeia, apesar de insistir que o negócio não pode acontecer. Essa medida tem como objetivo refutar um dos argumentos que a Tiffany fez em seu processo: que a LVMH estava se arrastando para obter aprovações regulatórias enquanto buscava maneiras de sair do negócio. 

     

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.