Apesar de ter ampla experiência na construção de aeroportos mundo afora, a Odebrecht TransPort (OTP) ficou de fora do primeiro leilão aeroportuário, que concedeu à iniciativa privada os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos; Viracopos, em Campinas; e Juscelino Kubitschek, em Brasília. Contudo, a nova leva de concessões que ocorrerá em 2013, privatizando os aeroportos de Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Belo Horizonte, abre novas possibilidades para as grandes construtoras que perderam a disputa anterior para grupos menores, como os consórcios que administram Viracopos e Brasília – Aeroportos Brasil e Inframérica, respectivamente. “A concorrência vai ser acirrada devido ao nível de atestado técnico que o governo vai exigir. E ali haverá, certamente, grandes grupos e grandes operadoras”, afirma o diretor da área de Aeroportos da OTP, Randall Saez Aguero.
De acordo com o pacote de investimentos no setor aeroportuário divulgado nesta quinta-feira pelo governo, apenas operadoras que administram aeroportos com fluxo superior a 35 milhões de pessoas serão aptas a participar do próximo certame. Tal regra torna elegíveis apenas os grandes players mundiais, como a alemã Fraport, a francesa Aéroports de Paris e a Changi, se Cingapura. Se tal exigência tivesse sido aplicada ao primeiro leilão, nenhum dos consórcios vencedores poderia – de fato – vencê-lo. Tanto a francesa Egis (Viracopos), quanto a argentina Corporación América (Brasília) e a sul-africana ACSA (Cumbica) operam aeroportos com capacidade inferior de passageiros.
Segundo Aguero, que conversou com a reportagem do site de VEJA minutos após o anúncio da presidente Dilma Rousseff, o primeiro semestre de 2013 será agitado para todos os interessados no certame. “O governo deverá contratar os assessores jurídicos e técnicos em breve. E esperamos que a consulta pública aconteça entre abril e maio”, aposta o executivo, que ainda não sabe qual operadora fará parte do consórcio da Odebrecht no próximo leilão. Até o início deste ano, a parceria havia sido firmada com a Changi. “Temos um excelente relacionamento com eles. Mas precisamos esperar os detalhes técnicos para ver o lado deles e qual é o apetite”, afirma.
O fator determinante para a participação da construtora – e da operadora – será a taxa de retorno, fator que tem criado discussões entre o setor privado e o governo, tendo em vista que a presidente Dilma tem apostado na redução da taxa de retorno dos investidores em infraestrutura, alegando que o cenário econômico brasileiro mudou e apresenta menos risco do que dez anos atrás. “O que será importante a partir de agora é determinar o nível de risco que vai ter de ser suportado por cada um dos consórcios e qual é o retorno mínimo que haverá nesse ativo”, destaca Aguero.