Declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçando deixar a articulação política da reforma da Previdência, abalou os mercados financeiros. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, caiu 3,1% nesta sexta-feira, 22, na maior desvalorização percentual em um único dia desde 6 de fevereiro, quando havia caído 3,74%.
O índice fechou o pregão aos 93.735,15 pontos __o menor valor desde 11 de janeiro. No início da semana, notícias positivas do andamento da reforma da Previdência tinham levado o Ibovespa a ultrapassar a barreira dos 100.000 pontos. Patamar que não se sustentou nos dias seguintes.
A declaração de Maia assustou os investidores em relação ao andamento da reforma previdenciária, de acordo com o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset. O deputado disse que deixará a articulação política pela reforma da Previdência, após ter sofrido críticas de Carlos Bosonaro, filho do presidente, Jair Bolsonaro, nas redes sociais. “Isso gera um mal-estar. Esse pessoal não se entendendo vai atrasar a reforma”, diz o analista.
A prisão do ex-presidente Temer, ocorrida na véspera, também colaborou para o cenário pessimista. “Temos receio de que a proposta seja muito desidratada ou que demore demais para ser aprovada ou que nem seja”, diz o analista da H.Commcor, Ari Santos.
No cenário externo, a divulgação da pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, em inglês) mostrou retração na indústria alemã pelo terceiro mês seguido. A baixa performance alimenta o temor dos investidores de um recuo da economia global. A notícia provocou queda nos índices ao redor do mundo, inclusive tendo impacto no Brasil, segundo analistas do mercado financeiro.