Passando a festa inicial da vitória deste domingo, 30, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tem muito trabalho a fazer. O petista precisa deixar claro qual será a linha de condução da política econômica brasileira em seu terceiro mandato. Com falas ambíguas e problemáticas sobre a responsabilidade fiscal, Lula precisará demonstrar seu compromisso para conduzir um país que está em retomada, mas enfrenta grandes obstáculos externos e internos para finalmente encontrar o caminho do crescimento sustentável.
Sem a apresentação do plano de governo e com diretrizes formais vagas, Lula pouco deixou transparecer, durante a campanha presidencial, sobre o que realmente pretende fazer na economia. Se ateve a propostas que apertam os já combalidos cofres públicos (como Bolsa Família com adicional para famílias com crianças de até seis anos e um programa de renegociação de dívidas) e foi enfático ao negar agendas necessárias para a economia brasileira, como as privatizações e a defesa do teto de gastos. Entre os economistas que se debruçaram na construção do plano de Lula, está a apresentação de um novo arcabouço fiscal, mas sem uma diretriz clara apresentada até o momento.
Na reta final da campanha, com o embarque de grandes economistas liberais em sua campanha, como Henrique Meirelles e os pais do plano real, tentou mostrar uma moderação, muito necessária para a condução do país, a partir de 1º de janeiro de 2023. Na “Carta para o Brasil do Amanhã”, movimento semelhante da “Carta aos Brasileiros” que precedeu sua eleição em 2002, o petista elenca 13 pontos prioritários de seu governo – sete deles têm relação direta com a economia brasileira.
No caso da isenção do imposto sobre rendimentos até 5.000 reais, Lula afirma que a iniciativa será acompanhada de uma reforma tributária, mas não detalha qual é o modelo buscado pelo novo governo, apenas que deve taxar mais os mais ricos. A mudança no sistema de impostos do país tem sido defendida amplamente pelo candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB), que defende a criação de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que tende a simplificar a cobrança de tributos sobre o consumo.
Na prioridade número 1 elencada por Lula em sua carta, está o desenvolvimento econômico via atração de investimentos. “Vamos buscar financiamento e a cooperação – nacional e internacional – para o investimento público e privado, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, serviços, agricultura de alimentos e indústria”. Para cumprir essa promessa de fundamental importância, Lula precisará deixar de lado ideias que já se mostraram falhas, como a grande intervenção do estado, e se focar para um Brasil mais moderno, com responsabilidade fiscal e voltado ao setor produtivo. Sem isso, o investimento e o desenvolvimento não chegarão.