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“Clientes estão condicionando as compras se Bolsonaro ganhar”, diz Stara

Em entrevista a VEJA, diretor da empresa explica a carta a fornecedores sobre retração no ano que vem em caso de vitória de Lula nas eleições

Por Luisa Purchio Atualizado em 5 out 2022, 14h31 - Publicado em 5 out 2022, 13h39
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  • Nesta semana, circulou nas redes sociais uma carta na qual a empresa Stara, de máquinas e equipamentos agrícolas, comunica a seus fornecedores que a empresa não crescerá 30% no ano que vem caso o resultado eleitoral do primeiro turno se confirme e o candidato Lula seja eleito como presidente da República. Em entrevista a VEJA, Átila Stapelbroek Trennepohl, diretor-presidente da Stara, afirmou que o favoritismo de Lula nas eleições gerou um clima de insegurança no agronegócio e seus clientes já dizem que, caso ele ganhe, vão segurar os investimentos.

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    Empresa com 4 mil colaboradores diretos, a Stara não divulga seus números, mas exporta para 35 países e possui cerca de 1 mil fornecedores em áreas como componentes, serviços e processos fabris, os quais cerca de 100 receberam a carta por serem impactados pelo não crescimento da empresa no ano que vem.

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    Qual é a visão da empresa sobre os seus resultados caso o candidato Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições?

    Em primeiro lugar, é importante esclarecer que era uma carta especificamente para os fornecedores. A empresa estava planejando crescer mais de 30% e falamos que teria uma redução de 30%. O que nós passamos é que vai ficar um zero a zero, ou seja, vai se repetir o resultado desse ano. Não existe plano de demissões, isso não é verdade.

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    E a que se deve o não crescimento previsto?

    Nós temos um candidato que já falou inúmeras vezes em canais de comunicação que quer buscar a taxação do agronegócio, que os agricultores são fascistas e direitistas e que vai apoiar muito forte o MST, ou seja, invasões de terra, e que quer revogar as leis trabalhistas. Todos esses aspectos fazem com que os agricultores e produtores rurais, que são 100% dos nossos clientes, tenham uma insegurança extremamente grande. Eles estão com receio e isso já está acontecendo. Com várias pesquisas [eleitorais] se fortalecendo, pessoas foram desistindo de negócios, clientes cancelando a compra e querendo fazer negócios com resultado baseado na eleição, ou seja, condicionando a compra da máquina se o candidato Bolsonaro ganhar.

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    De que forma isso impacta os negócios da empresa?

    Você começa a olhar e perceber tudo isso e tivemos uma eleição que demonstra que o candidato Lula está na frente e é o favorito. Por uma decisão que não é da Stara, mas do mercado, e pelo mínimo de parceria que temos com os nossos fornecedores, precisamos dizer que aquele crescimento previsto precisa esperar e que eles precisam segurar esse investimento até um segundo momento que será obviamente o segundo turno da eleição. Se seguir o favoritismo que se desenhou, não vamos executar o crescimento previsto, portanto não invista, não compre máquinas, não se endivide, se não vai ser um problema na frente. A ideia é que os nossos fornecedores tivessem informação o mais rápido possível para não fazer investimento errado. Se eles investirem e nós não executarmos, vamos quebrá-los.

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    A Stara tem 62 anos de existência e o sr. está na empresa há 20 anos, ou seja, já passou por vários governos. De que maneira o governo Bolsonaro foi melhor para o agronegócio do que o governo Lula?

    Com relação a invasões de terra, [o governo do PT] foi ruim. Tivemos muito problema com o governo do PT, não só com o Lula, mas com a Dilma também, e isso se tornou zero no último governo. Isso fortalece a imagem do Bolsonaro no agronegócio sem dúvida nenhuma, com essas diretrizes de não ter invasão de terra, de não ter novas demarcações indígenas. Economicamente o governo Lula não foi ruim para o agronegócio, mas não me surpreendo que os agricultores estão contra ele nesse momento de campanha. A imagem que todos os agricultores tem é que quando o Lula assumir ele trabalhará contra os agricultores como um movimento de retaliação por eles estarem trabalhando contra ele neste momento de campanha. E obviamente a empresa não pode e não deve correr o risco de envolver toda uma cadeia produtiva para investimento, sendo que nossos clientes, que é quem manda no nosso negócio, estão dizendo que se o Lula ganhar não vão investir e vão esperar. Isso está gerando um clima de insegurança. Se vai acontecer, vamos ver caso o Lula venha a se eleger. Mas num primeiro momento não tenho dúvida de que vamos ter uma freagem de venda. É voltado para as ações e as palavras que o Lula tem dito por aí.

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    Os resultados da empresa foram melhores a partir do governo Bolsonaro?

    A Stara cresce muito desde 2006, é uma empresa muito grande. A gente não tem esse lado político de que cresce mais ou menos, pela capacidade das pessoas que fazem parte do time e pelas estratégias. Ela compete de igual para igual em outras partes do mundo. No Brasil, tem uma rede de 136 pontos de venda, de concessionárias exclusivas da marca e só multinacionais brasileiras tem pontos exclusivos como nós. A curva de crescimento da empresa vem estável. A Stara cresceu também no governo Lula, mas a gente entende que para o futuro do agronegócio o governo está mais alinhado com o que nós acreditamos e nossos clientes também.

    A ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi eleita senadora. Existe algum receio de que o próximo ministro do governo Bolsonaro não seja tão favorável ao setor quanto ela?

    Não temos receio com relação à saída da Tereza Cristina porque os ministros do Bolsonaro têm capacidade e não foram colocados por apoio político, ele colocou profissionais das áreas em todas as áreas. Olhando esse histórico dá segurança de que o novo ministro vai ser alguém no mesmo patamar ou melhor que ela.

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