As chuvas devem retornar com mais força no Sudeste e no Centro-Oeste a partir do início da semana que vem, mas a situação dos reservatórios da região deve permanecer crítica ao longo dos próximos meses. “O bloqueio de ar seco que está sobre a região central do país se romperá na próxima semana com a passagem de uma frente fria, trazendo umidade e possíveis pancadas de chuva no Sudeste e Centro-Oeste. As chuvas tendem a ser tornar mais regulares a partir de novembro, fazendo com que a capacidade dos reservatórios volte a se recuperar. Mas é preciso lembrar que os reservatórios passam por uma situação atípica, então a recuperação será lenta”, diz a chefe da meteorologia da Climatempo, Bianca Lobo.
Dados do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) mostram que São Paulo viveu o verão mais seco em 73 anos, com precipitações 45% abaixo do esperado. Em dezembro de 2013, choveu apenas 38,8% da média climatológica. Em janeiro de 2014, choveu 85,9%. Em fevereiro de 2014, choveu 38,2%. “Precisaríamos ter o oposto ao que aconteceu no ano passado, ou seja, um ano com chuvas acima do normal para recuperar a capacidade dos reservatórios. Se as chuvas se mantiverem na média climatológica, demorarão três anos para recuperar a capacidade dos reservatórios”, acrescenta Bianca.
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O meteorologista da Somar Meteorologia Celso Oliveira explica que somente pancadas de chuva repentinas são insuficientes para reabastecer os reservatórios em meio à situação crítica. O especialista afirma que o ideal seriam chuvas abrangentes e constantes, acompanhadas de temperaturas mais baixas. “A melhor situação seria dias fechados de chuvas constantes. Para encher os reservatórios, é importante que você tenha abrangência, ou seja, todos os rios e afluentes de uma região precisam receber água. E temperaturas mais baixas, porque o calor faz a água que cai no chão evaporar com muita facilidade. As pancadas que acontecem no final da tarde não costumam ajudar muito, porque não são muito abrangentes e as altas temperaturas no dia seguinte farão a água evaporar.”
Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o subsistema mais importante do país, correm o risco de encerrar o mês com nível abaixo daquele registrado na época do racionamento. Estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que os reservatórios podem atingir 19,9% da capacidade em outubro de 2014, enquanto levantamento elaborado pela Comerc Energia mostra que os reservatórios atingiram 21,3% da capacidade em outubro de 2001. O número é divulgado semanalmente pelo ONS, portanto, pode passar por revisões até o fim do mês.