A Superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou que a compra da norte-americana Monsanto pela alemã Bayer seja impugnada pelo tribunal da autarquia, de acordo com parecer divulgado nesta quarta-feira no Diário Oficial da União. Isso significa que o negócio deverá ser analisado por outra instância do Cade. Se o parecer fosse favorável, a superintendência poderia recomendar a aprovação sem restrições.
O órgão avaliou que as alegadas eficiências da operação são insuficientes para compensar prováveis efeitos anticompetitivos, e disse que as preocupações identificadas demandam uma “solução de caráter estrutural”.
A compra da Monsanto pela Bayer por 66 bilhões de dólares (206,8 bilhões de reais em valores atuais), anunciada em setembro de 2016, cria a maior companhia integrada de pesticidas e sementes do mundo. Sem o aval do Cade, o negócio internacional seria inviabilizado, segundo o órgão regulatório nacional.
Em nota, a Bayer disse que o parecer do Cade “não significa reprovação da operação”. “É um passo normal dentro do processo de revisão de casos internacionais mais complexos e que permite ao Cade mais tempo para esclarecer dúvidas e discutir remédios adequados para sanar por completo suas preocupações. As partes estão e continuarão cooperando com o Cade a fim de obter a aprovação da transação o mais breve possível”, diz trecho do texto.
A Monsanto disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a manifestação sobre o assunto ficaria por conta da Bayer.
Mercado
Agências reguladoras do Brasil, Estados Unidos e Europa estão trabalhando juntas para assegurar que a combinação das duas empresas não ameace o equilíbrio do mercado.
No Brasil, grupos que se opõem ao acordo pediram ao Cade para bloquear a transação ou forçar desinvestimentos, incluindo a tecnologia de soja geneticamente modificada Intacta RR2 IPRO da Monsanto e o negócio de herbicidas que contenham o glufosinato de amônio da Bayer.
Na semana passada, o presidente para América do Sul da Monsanto, Rodrigo Santos, disse, no entanto, que a companhia quer manter a tecnologia Intacta após a fusão com a Bayer.
(Com Reuters)