O brasileiro que recebe salário mínimo não terá aumento real de renda com o reajuste para 1.039 reais, fixado pelo governo para este ano. O motivo é que a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Mercado (INPC), de 4,48%, anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 10, foi maior do que o aumento de 998 reais para o valor deste ano, de 4,1%. O INPC serve como base para os reajustes do salário mínimo. Se levado em consideração, para ter aumento real, o valor dos rendimentos iniciais neste ano deveria ter atingido o patamar de 1042,70 reais.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou o aumento no dia 31 de dezembro do ano passado. O INPC ficou acima do projetado pelo mercado financeiro, de 0,62%. Foi neste aumento que o governo se embasou para revisar o valor do salário mínimo. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2019 em 4,31%. O indicador é usado como inflação oficial pelo governo. Em dezembro, a inflação foi de 1,15%. A inflação oficial também foi divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira.
Com isso, o índice ficou ligeiramente acima do centro da meta estabelecida pelo governo, que era de 4,25% com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Em 2018, o índice havia fechado em 3,75%. O resultado do IPCA em 2019 foi o maior em três anos, quando a inflação acumulou alta de 6,29% em 2016.
Os números do grupo alimentos e bebidas pesaram no bolso dos brasileiros no ano passado. A alta de 6,37% foi puxada, sobretudo, pelas carnes, cujos preços dispararam no mercado interno devido ao aumento das exportações para a China e à desvalorização do real. Segundo o IBGE, a alta da carne bovina foi de 32,24% ao ano.