O Brasil deve encerrar 2024 com um crescimento da economia de 3,1%, uma das melhores taxas entre os principais países da América Latina, de acordo com as projeções do banco Goldman Sachs. Por outro lado, a dívida pública do país, que deve subir para 78% do produto interno bruto (PIB) neste ano e 82% no ano que vem, continua consideravelmente mais alta que a de seus pares. Na média, a proporção dívida/PIB das maiores economias latinas deve encerrar 2024 em 59%, sendo a mais baixa a do Peru (31,5%) e a segunda mais alta, que mais se aproxima do Brasil, a da Colômbia (67,6%).
Em termos de crescimento, apenas o Peru deve ter um avanço como o do Brasil, também de 3,1% de acordo com as projeções do banco. Argentina (-3,4%) e Equador (-0,2%) devem ainda encerrar este ano em recessão. Os dados levam em conta os desempenhos da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.
Os números fazem parte de uma análise mais ampla para a região feita pelo banco de investimentos, que, embora veja a inflação cedendo lentamenteentre esses países, considera que a piora fiscal deve ser um desafio para todos eles nos próximos anos.
A projeção do Goldmand Sachs é que, depois de uma redução dos excessos da pandemia entre 2020 e 2023, a relação entre a dívida e o PIB das maiores economias latinas deve voltar a crescer e seguir em uma trajetória de piora até, pelo menos, 2027. Elas devem sair de uma média de 59% em 2023 para 68% em 2027, voltando para muito perto do pico de 69% registrado em 2020, no auge dos gigantes pacotes de estímulos feitos em todo o mundo para amortecer os impactos da pandemia.
Até 2019, antes do choque da covid-19, essa proporção era, na média, de 58% para esses países, e não há no horizonte a perspectiva de que nenhum deles retorne a este mesmo patamar. A piora do endividamento prejudica a confiança de investidores internacionais e restringe a capacidade desses países de expandirem despesas para políticas sociais e de estímulo ao crescimento.
“O foco da política econômica [da região] está mudando do nexo entre inflação e juros que dominou entre 2021 e 2024 para a ferida fiscal e de dívida pública deixada pela pandemia”, disse o Goldman Sachs em relatório. “A maioria dos governos da América Latina tem sido, na melhor das hipóteses, lenta ou relutante em adotar uma consolidação fiscal estrutural. Enquanto isso, a demanda dos eleitores por gastos públicos permanece elevada e, no médio prazo, os orçamentos enfrentarão pressões crescentes devido às demandas associadas à transição demográfica (envelhecimento populacional), à transição para uma economia mais verde e à mitigação dos impactos das mudanças climáticas.”