O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar atual, de 13,75%, na primeira reunião do ano, destacando “incertezas no âmbito fiscal e uma maior persistência das pressões inflacionárias globais”. Assim, o país segue nessa trajetória contracionista com elevações nos juros, que começou em março de 2021, e alcança uma das maiores taxas nominais do mundo na comparação entre as quarenta principais economias , segundo levantamento elaborado pela Infinity Asset. Atualmente o Brasil é o segundo país com a maior taxa nominal, de 13,75%, perdendo apenas para a Argentina, onde a taxa é de 75%.
No ranking de juros reais, o Brasil figura na primeira posição. A taxa de juros reais é a taxa “a mercado”. Descontada a inflação para os próximos doze meses, a taxa de juros reais do Brasil é de 7,38%. Em seguida vêm México, com 5,53%, Chile, com 4,71%, e Colômbia, com 3,04%. Os Estados Unidos ocupam a 15ª posição, com juros reais negativos em 0,03%. A taxa de juros real fica negativa quando as projeções inflacionárias são maiores que a taxa de juros aplicada. Para reverter esse cenário, é preciso desestimular a atividade econômica via aumento de juros. O banco central norte-americano, o Fed, fez uma elevação de menor magnitude, de 0,25 ponto porcentual na primeira reunião do ano, sinalizando um relaxamento no aperto monetário, mas a forte criação de empregos no país volta a pressionar a autarquia.
No Brasil, a condução da política monetária do BC vem sendo alvo de ataques do presidente Lula. A elevada taxa de juros e as metas de inflação estabelecidas viraram alvo constante de críticas de Lula. Na segunda-feira 6, durante cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES, o presidente chamou de “vergonha” o atual patamar da Selic. É importante ressaltar que a elevação de juros é a principal ferramenta dos bancos centrais para desaquecer a economia e controlar a inflação. O efeito dessa política, no entanto, não agrada a Lula e vai contra a proposta expansionista do seu governo. O plano de crescimento econômico via estímulos financeiros e aumento de gastos é controversa e gera maiores incertezas no âmbito fiscal, pressionando ainda mais a inflação.