O Brasil é o país campeão em lavagem de dinheiro no mundo, apontam os dados da 11ª edição do Relatório Global de Fraude & Risco da Kroll, empresa de gestão de riscos e investigações corporativas. A prática foi testemunhada em 23% das companhias brasileiras, número superior à média global de 16%.
No quesito corrupção e propinas, 29% dos entrevistados brasileiros já presenciaram incidentes condenáveis, percentual menor somente do que índice de 33% encontrado na região da África subsaariana. Oriente Médio e Índia apresentaram um número similar ao brasileiro.
Apesar dos altos índices mostrarem que a ocorrência dessas atividades ilegais já faz parte do dia-a-dia nos negócios, o combate à corrupção é visto como a terceira prioridade pelas empresas brasileiras – a posição mais alta entre as nações pesquisadas. O assunto domina o interesse nacional desde que os escândalos da Operação Lava-Jato explodiram em 2014.
O levantamento foi feito entre março e abril de 2019. Foram entrevistados 588 executivos seniores com responsabilidade ou envolvimento na determinação das estratégias de gerenciamento de risco em suas empresas. Os entrevistados foram escolhidos dentro do rol de 13 países ou regiões: Canadá, Estados Unidos, Itália, Oriente Médio, Rússia, África subsaariana, Reino Unido, China, Índia, Japão, Brasil, Colômbia e México.
Dúvidas sobre o funcionamento do compliance
O relatório ainda informa que as empresas brasileiras ainda estão em processo de desenvolvimento da infraestrutura regulatória e de fiscalização do combate ao crime cibernético que seja compatível ao tamanho e maturidade de sua economia.
Em relação aos demais participantes da pesquisa, os executivos do país têm a maior tendência de reportar vazamentos de informações, que geralmente ocorrem via redes de computadores (55%, ante 39% na média global). Eles também consideram o roubo de dados como sua principal prioridade de mitigação de risco (84%, ante 76% na média global).
No que diz respeito aos sistemas de compliance, apenas 74% dos executivos – o menor índice do estudo inteiro – acha que tais métodos de conformidade são eficazes para detectar algum desvio de conduta.
Sentimentos contraditórios sobre as criptomoedas
Apesar do risco inerente às criptomoedas, 97% dos entrevistados brasileiros dizem que suas organizações cogitam ou já fazem uso de tal tipo de câmbio. Paradoxalmente, porém, com um olhar cinco anos para o futuro, 74% dos entrevistados no Brasil (ante 53% na média global) temem que as criptomoedas levem à desestabilização do sistema financeiro internacinal.