Uma série de rumores políticos agitou o humor do mercado financeiro nesta terça-feira. O principal deles era sobre a possibilidade de homologação de delações premiadas desfavoráveis ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, embora não haja movimentação recente nesse sentido. No final da tarde, a defesa do ex-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) Laurence Casagrande Lourenço afirmou ser “absolutamente mentiroso o boato segundo o qual ele estaria pensando em fazer delação premiada”. Ele é investigado no âmbito da Operação Pedra no Caminho, que mira fraudes em obras do Rodoanel Trecho Norte.
O Ibovespa, principal índice ações da bolsa brasileira, que operava estável, passou a cair e fechou em baixa de 0,87%, a 80.346,53 pontos. O dólar, que estava caindo, terminou o dia com alta de 0,93%, cotado a 3,767 reais.
André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora, diz que o mercado foi contaminado por três boatos: uma suposta entrevista ao vivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba pela Operação Lava Jato e já foi proibido pela Justiça de dar entrevistas ou participar de debates, a delação contra Alckmin e dados de uma nova pesquisa eleitoral. A pesquisa CNT/MDA será divulgada amanhã.
“Isso mostra o grau de nervosismo em que o mercado está, como estamos andando em gelo fino. Um ambiente minado. Esta será uma eleição muito complexa, afirma Perfeito.
O analista de investimento da Mirae Corretora, Pedro Galdi, diz que esse tipo de rumor é bem comum em ano eleitoral. “Toda eleição é a mesma coisa. E as ações mais impactadas são as dos bancos e de empresas estatais.”
Galdi admite que a proliferação das fake news combinada com expansão da utilização do WhatsApp deram velocidade a esses boatos. “Agora tudo se espalha mais rapidamente”, diz. “É preciso estar ciente de que teremos muito nervosismo no mercado até a eleição. E depois de definido o ganhador, o mercado fica na expectativa da definição da equipe econômica.”
(Com Estadão Conteúdo)