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Biden herda campo minado de Trump nas relações com a China

Considerado moderado, o democrata deve ser mais crítico a Xi Jinping em relação a pautas relacionadas a direitos humanos

Por Luisa Purchio Atualizado em 7 dez 2020, 18h16 - Publicado em 7 dez 2020, 17h45
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  • Apesar de rival do antecessor Donald Trump, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, não fincará suas bandeiras em posições totalmente opostas ao republicano derrotado nas urnas no que se refere à China. As tensões comerciais entre os dois países que se acirraram no governo de Trump, volta e meia, voltam a ditar o ânimo dos mercados mundiais. Tanto que, nesta segunda-feira, 7, um novo capítulo de sanções causou desânimo no mercado internacional no início da semana.

    Se, de um lado, Biden é visto como um político que não afrouxará as exigências ao gigante asiático, do outro, Trump, que transformou as relações com a China em tóxicas, não removerá as minas do campo antes de passar o bastão da Casa Branca no dia 20 de janeiro. Pouco após um mês do pleito, fontes informaram à agência de notícias Reuters que os EUA se preparam para sancionar financeiramente mais de uma dúzia de autoridades chinesas do Partido Comunista Chinês (PCC) envolvidas na desqualificação de legisladores em Hong Kong oposicionistas ao governo. Será uma continuidade a outras sanções americanas que foram levantadas às autoridades chinesas e revidadas ao longo do ano .

    Em entrevista recente a VEJA, o reconhecido historiador Niall Ferguson afirmou que “os democratas serão muito mais críticos com Xi Jinping sobre os direitos humanos que os republicanos”.

    Como de costume, o governo chinês, por sua vez, refutou as medidas no que considerou uma interferência inadequada em seus assuntos internos. Mas os mercados chineses já reagiram e o índice Hang Seng, da bolsa de valores de Hong Kong, fechou em queda nesta segunda-feira, 7, de 1,23%, a 26.506,85 pontos. Já o índice Shanghai Shenzhen CSI 300, que reúne as 300 maiores empresas listadas as duas bolsas chinesas, fecharam em queda de 0,86%. Entre as principais empresas do índice que tiveram retração estão fabricantes de automóveis e de caminhões e companhias de extração de minerais metálicos.

    Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e o Dow Jones operavam em baixa. Além das sanções americanas aos chineses, o aumento de casos de Covid-19, a semana decisiva do Brexit e a realização de lucros após os recordes de novembro também explicam o começo lento da semana.  Muito influenciado pelo mercado americano, o Ibovespa operava próximo a estabilidade por volta das 17h.

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    Para o mercado, o episódio é um apertitivo de como Joe Biden se posicionará sobre a China. Até agora, ele não se manifestou sobre a reportagem, mas as bolsas já mostraram que serão novamente afetadas pelo endurecimento da relação entre os dois países.

    UM PAÍS, DOIS SISTEMAS

    O embate entre os EUA e a China ocorre no momento em que o gigante asiático aumenta a sua ambição no mar da China Meridional e a sua repressão a Hong Kong, cujo regime está configurado no modelo “um país, dois sistemas”. Na teoria, o ex-território britânico pertence à República Popular da China, mas ele possui autonomia política. Na eleição de 2017, porém, a China quis controlar os candidatos do pleito e vem fazendo sucessivas investidas para assumir o controle político do território, entre elas reprimir manifestações pró-democracia.

     

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