O Banco Central solicitou à Casa da Moeda que aumente a produção de dinheiro físico com receio de que falte cédulas para pagar o auxílio emergencial de 600 reais aos cerca de 60 milhões de brasileiros que estão em situação de vulnerabilidade devido à crise do novo coronavírus. Os estoques atuais de dinheiro físico são considerados baixos pelo Banco Central. O programa de auxílio emergencial passou por um lançamento que enfrentou problemas, com a formação de enormes filas em frente às agências da Caixa Econômica Federal, trazendo risco de contágio em meio à pandemia de coronavírus. Algumas pessoas que não têm contas bancárias regulares até acamparam na porta das agências durante a noite.
Cerca de um terço da população do Brasil é desbancarizada, um porcentual maior do que na China e até na Índia, de acordo com o Banco Mundial, obrigando o país a depender muito de dinheiro físico, mesmo quando cartões de crédito e outras formas de pagamento se tornam mais comuns em outros lugares. O governo começou a pagar uma parcela inicial do programa no início de abril, mas atrasou a segunda, inicialmente prevista para o final do mês passado. Um novo cronograma deve ser lançado em breve para o programa, que tem duração de três meses. A Caixa Econômica Federal estima que cerca de 30 milhões de contas digitais serão abertas como consequência do pagamento de emergência, um legado que pode ajudar a inclusão financeira depois da pandemia.
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirmou que havia um “problema técnico com as fontes de pagamento” dos fundos, mas negou que houvesse qualquer problema com falta de moeda. “Se, por acaso, houver falta de dinheiro, falta de notas físicas, encontraremos uma maneira de corrigir isso”, disse. O Banco Central, que supervisiona a oferta de moeda, confirmou que está em negociações com a Casa da Moeda para antecipar o recebimento da produção contratada para o ano, dizendo que já houve um aumento de 23% na quantidade de moeda forte em circulação em abril, um aumento de 55,5 bilhões de reais em relação ao ano anterior.
Algumas dessas cédulas estão sendo acumuladas por indivíduos e empresas para formação de reservas, por preocupações com a crise, e porque, com grande parte da economia fechada, há menos lugares para gastar dinheiro no comércio em geral, informou o órgão regulador. O BC também ponderou que “parcela considerável” dos valores pagos em espécie no auxílio emergencial ainda não voltou ao sistema. Só em abril, foram pagos 35,8 bilhões de reais no total, entre depósitos em conta e liberação em espécie, segundo dados do Tesouro Nacional.
O número de pessoas que procuram o auxílio emergencial surpreendeu as autoridades do governo, que esperavam pagar 98 bilhões de reais a 54 milhões de brasileiros. Cálculos oficiais recentes, no entanto, atualizaram o número para 124 bilhões de reais e 60 milhões de pessoas — equivalente à população da Itália.
(Com Reuters)