A poucos dias de ser empossado como ministro da Fazenda do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad vem deixando suas ideias para a gestão econômica do país mais claras. Em entrevista publicada nesta quinta-feira, 29, no jornal “O Globo”, o ex-prefeito de São Paulo falou sobre a importância das reformas econômicas, defendeu maleabilidade em relação às diferentes escolas de pensamento econômico e afirmou que trabalhará em parceria com Simone Tebet, futura ministra do Planejamento com pensamento liberal, com quem concordaria em “90% da agenda” e cujas divergências serão arbitradas pela “Presidência da República”.
“Não tenho nada contra a escola de pensamento econômico, transito por todas. Um governo é uma coisa complexa, levar uma política econômica à frente é uma coisa complexa. Orientar expectativas é uma coisa complexa. Por isso que o cargo de ministro, muitas vezes, compete a uma pessoa que tem, além de um conhecimento técnico, uma visão política do processo”, disse à jornalista Miriam Leitão.
Sobre Tebet, Haddad afirmou que ela “tem minha simpatia pessoal é uma pessoa transparente, que vai colocar, somar e refletir junto”, e que trabalhão juntos em muitas “instâncias colegiadas”. Entre as funções que o Ministério do Planejamento será responsável estão “pensar na infraestrutura e na logística do país, nos setores econômicos de ponta no Brasil podem ser favorecidos com investimentos públicos”, além de ” fazer um review do orçamento, checar o que está produzindo efeitos concretos e benéficos para a população” e “rever programas” utilizando os micro dados do Ipea, do IBGE, do Dataprev e do Data SUS.
Já em relação às reformas estruturais, Haddad afirmou que dará andamento a elas a partir de abril, “começando por regras fiscais e reforma tributária”, e que iniciará por impostos indiretos, não querendo tratar impostos diretos “no primeiro momento”. Além disso, afirmou que deve haver um “dual” entre a proposta da reforma tributária que está na Câmara e no Senado, uma vez que não quer “criar uma disputa” entre elas. “Fala-se muito não em alíquota única, pelo menos não na largada. Nós vamos sentar com cada uma das casas pra estabelecer qual que é o rito. O objetivo é o sucesso, né? Vamos compartilhar o o sucesso. Há uma chance real de avançar a reforma tributária”, disse.