O grupo de telecomunicações Oi anunciou nesta terça-feira uma repentina mudança no comando da empresa, nomeando o então presidente do Conselho de Administração José Mauro Carneiro da Cunha como presidente-executivo.
O anúncio da saída do presidente Francisco Valim da Oi um ano e meio após ter assumido a companhia motivou queda expressiva das ações do grupo na bolsa paulista. Na segunda-feira, quando surgiram as primeiras notícias de atritos entre Valim e os sócios da Oi, os papéis da empresa já haviam recuado.
No início desta noite, em uma tentativa de acalmar investidores, a Oi divulgou dados preliminares dos resultados de 2012, diante de especulações de que a saída de Valim teria relação também com um desempenho aquém do esperado da companhia.
A Oi teve geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 8,7 bilhões de reais no ano passado, praticamente em linha com a meta da empresa de 8,8 bilhões de reais.
A receita líquida consolidada de serviços foi de 27,5 bilhões de reais em 2012, também dentro da previsão da diretoria de 27,3 bilhões de reais de faturamento em serviços.
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Pela manhã, em um breve comunicado ao mercado, a holding Telemar Participações informou que Carneiro da Cunha substituirá Valim na presidência-executiva da Oi e de empresas controladas. José Augusto da Gama Figueira, que era suplente do Presidente do Conselho, assumirá o cargo de Cunha.
Formado em Engenharia Mecânica, Carneiro da Cunha ocupou cargos executivos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na iniciativa privada, além da presença como membro de diversos Conselhos de Administração, foi vice-presidente de planejamento estratégico da Braskem entre 2003 e 2005.
Não ficou claro no documento se Carneiro da Cunha estava assumindo o posto interinamente ou de forma definitiva, mas uma fonte a par do assunto disse à Reuters que a Oi buscará um novo presidente-executivo no mercado.
Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, a transição no topo da diretoria da Oi agora será semelhante à feita na saída do ex-presidente da companhia Luiz Eduardo Falco, em junho de 2011. Na ocasião, o mesmo Carneiro da Cunha assumiu interinamente o cargo.
A fonte não soube precisar quanto tempo levará para a Oi escolher um novo presidente-executivo.
No começo deste mês, a Oi adiou o “Investor Day” (Dia do Investidor) programado para 4 de março no Rio de Janeiro e dia 7 do mesmo mês em Nova York, alegando motivos de logística. A empresa não definiu novas datas, afirmando apenas que os eventos devem ocorrer ainda no primeiro semestre.
Saída abrupta – Valim, que antes da Oi liderou a Serasa Experian e a Net, era bem visto pelo mercado, embora alguns analistas tenham considerado seu plano estratégico para a companhia até 2015 audacioso na época de seu anúncio, em abril passado.
Ele estava no comando da empresa quando foi feita uma importante reorganização para simplificar a estrutura societária do grupo, no começo de 2012.
As ações preferenciais e ordinárias da Oi caíram 7,93% e 6,64% nesta terça-feira, respectivamente, amargando as maiores quedas dentro do Ibovespa, que reúne os principais papéis da bolsa paulista e teve queda de 0,34%. Na véspera, a ação preferencial da Oi teve desvalorização de 5,1%, após notícia publicada na coluna Radar On-line, no site de VEJA, sobre a iminência da saída de Valim.
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Ao apresentar seus números preliminares de 2012, a Oi disse também que sua dívida líquida consolidada no fim de dezembro era de 25 bilhões de reais, ante estimativa de 24,9 bilhões de reais anunciada em abril do ano passado. A Oi reafirmou, ainda, a proposta de pagamento aos acionistas no montante de 1 bilhão de reais, em complemento aos valores já distribuídos em agosto de 2012.