Ministros das Finanças da Zona do Euro receberam bem as novas propostas gregas para um acordo envolvendo reformas em troca da liberação de recursos em reunião realizada nesta segunda-feira em Bruxelas, na Bélgica. Apesar disso, os ministros deixaram claro que as medidas aventadas, que incluem aumento de impostos e reforma da previdência, ainda demandam estudos detalhados e tempo para saber se de fato podem evitar o calote da Grécia.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou, em coletiva de imprensa, que o grupo “trabalhará duro” nos próximos dias para chegar a um acordo ainda nesta semana. Dijsselbloem descreveu o documento grego como abrangente e “uma base para realmente reiniciar as conversas”, mas disse que ainda é preciso ver se esses números se traduzem em finanças públicas gregas sustentáveis.
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Os ministros também concordaram em voltar a se reunir ainda nesta semana depois de a Grécia ter discutido termos do acordo com os seus credores internacionais da Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Questionado sobre sua avaliação das propostas gregas, o Comissário de Economia da UE, Pierre Moscovici, afirmou: “É uma base sólida, e finalmente global (para negociações), mas há mais trabalho a ser feito”. Já o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, publicou em sua conta no Twitter: “Damos as boas-vindas às propostas da Grécia, mas é preciso mais trabalho das instituições”.
Como antecipou a chanceler alemã Angela Merkel, a reunião da cúpula da Zona do Euro nesta segunda acabou tendo um simples caráter consultivo. “Após a reunião do Eurogrupo não há base para uma decisão, então essa só pode ser uma cúpula de aconselhamento”, disse Merkel ao chegar para a reunião.
Já o presidente francês, François Hollande, afirmou que as propostas incluem uma série de melhoras em relação às anteriores, mas não respondem a todas as exigências feitas pelos credores.
O governo grego tem que pagar um montante de 1,6 bilhão de euros ao FMI até o dia 30 de junho ou será declarada em default (suspensão de pagamentos), o que poderia resultar numa crise econômica generalizada e até na saída do país da Zona do Euro.
Reformas – Na proposta enviada nesta segunda-feira, a Grécia decidiu sujeitar-se a exigências dos credores, como o aumento de impostos e a reforma da previdência. O governo grego informou que está disposto a elevar a idade de aposentadoria gradualmente para 67 anos e conter as pensões antecipadas. Também ofereceu reformar o sistema de imposto sobre valor agregado para determinar a alíquota básica em 23%.
Diante da incerteza do futuro imediato, os clientes dos bancos gregos sacaram nos últimos meses bilhões de euros, o que ameaça a sobrevivência dessas instituições.
Os bancos gregos sobrevivem graças a uma linha de financiamento de emergência do Banco Central Europeu (BCE). A instituição de Frankfurt não quer aparecer como a causadora de uma forte instabilidade bancária, mas também não poderá manter indefinidamente os bancos gregos à deriva.
Em médio prazo, esses bancos deverão ser recapitalizados e, para muitos economistas, com ou sem acordo entre a Grécia e os credores, será necessária alguma forma de controle de capitais para evitar uma crise maior.
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(Da redação)