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Ainda alto, ritmo do IGP-M pode cair 44%, até maio de 2022, diz FGV-Ibre

Aumento de chuvas e preço menor das commodities deve abrandar a inflação; com queda no minério de ferro, índice de novembro já mostrou desaceleração

Por Luisa Purchio Atualizado em 29 nov 2021, 15h02 - Publicado em 29 nov 2021, 13h12
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  • Em entrevista a VEJA, André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do FGV-Ibre, afirmou que o índice IGP-M, atualmente em 17,89% no acumulado de 12 meses, pode cair para aproximadamente 10% a partir de maio do ano que vem, uma diminuição de 44,1% do ritmo de alta. “A análise não será nada fácil daqui para a frente com a política fiscal, o rompimento do teto da dívida e saber como isso influencia no câmbio, além de que 2022 é um ano eleitoral, em que o uso do dinheiro público se expande. Ainda assim, a análise é de arrefecimento com base no que temos no momento”, diz ele.

    O índice de novembro divulgado hoje pelo FGV-Ibre já mostra o início dessa tendência de desaceleração. O número cresceu 0,02%, bastante abaixo da projeção dos analistas, e ante alta de 0,64% no mês anterior. Já, no acumulado de 12 meses, o índice foi revisto de 21,73% para 17,89%, pela primeira vez abaixo do patamar de 20% desde o final do terceiro trimestre de 2020. “Tivemos melhoras no preço de commodities agrícolas, como milho e soja, mas o principal responsável foi o minério de ferro, que compromete aproximadamente 10% do IPA (o Índice de Preços ao Produtor Amplo, um dos indicadores que compõe o IGP-M) como um todo. Se não fosse a gasolina e o diesel, teríamos tido queda no índice”, diz Braz.

    O IGP-M é composto pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que pesa 60% e reflete a inflação da indústria de transformação e agropecuária, pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30%, e hoje está pressionado pelo preço da energia e dos combustíveis, e pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com 10% de participação e que reflete os custos para a construção de novos imóveis. Após a pandemia da Covid-19, esses componentes dispararam em decorrência principalmente da pressão da demanda sobre a oferta e o agravante da seca que encareceu o preço da energia e das commodities. A análise é que o cenário daqui para a frente, no entanto, é de alívio.

    Futuro menos pessimista

    O contrato futuro do minério de ferro, que havia disparado e que alcançou 219 dólares em julho, vem caindo sucessivamente com a ampliação da oferta da China. Girava em torno de 94 dólares nesta semana, o que influencia o IPA e o INCC. Além disso, a produção de commodities agrícolas, como milho e soja, havia sido prejudicada pela seca, principalmente no final do primeiro semestre deste ano. Mas, agora as chuvas estão vindo acima da expectativa, o que já se reflete em menores preços para esses grãos. Como são alimentos usados para ração de animais, seu preço impacta também no valor das proteínas como ovos, frango, carne bovina e suína.

    O maior volume de chuvas impacta ainda em mais abastecimento de água para hidrelétricas. “Há uma promessa na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de que a bandeira tarifária de escassez não vai durar além de maio do ano que vem, então, teremos queda no preço de energia”, diz André Braz. Para o preço do petróleo, a expectativa do coordenador do IPC do FGV-Ibre é de estabilidade, uma vez que o real já está demasiadamente desvalorizado em relação ao dólar e que o preço internacional da commodity vem caindo.

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    Com isso, o IGP-M deve voltar a ficar mais próximo do IPCA. Durante a pandemia, os dois índices se distanciaram muito, levando inclusive muitos locatários e proprietários de imóveis a renegociarem os preços dos contratos de aluguel com base no IPCA. Enquanto no acumulado dos últimos 12 meses o IGP-M está em 17,8%, o IPCA (índice de inflação oficial, coletado pelo IBGE) está em 10,7%, e essa diferença chegou a 20 pontos percentuais no final do ano passado. A expectativa do FGV-Ibre é que o IPCA deve chegar a 8% a partir de maio do ano que vem, enquanto o IGP-M fique em 10%.

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