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A costura entre banqueiros, PMDB e o Planalto que manteve Levy no cargo

Por Ana Clara Costa, na VEJA.com: O último sábado, 29 de agosto, foi um dia decisivo para o ministro Joaquim Levy. Enquanto defendia publicamente a volta da CPMF, o imposto do cheque, diante de uma plateia cheia de empresários descontentes, em evento em Campos do Jordão, o governo decidia, em Brasília, sepultar a ideia do novo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h33 - Publicado em 4 set 2015, 17h01
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  • Por Ana Clara Costa, na VEJA.com: O último sábado, 29 de agosto, foi um dia decisivo para o ministro Joaquim Levy. Enquanto defendia publicamente a volta da CPMF, o imposto do cheque, diante de uma plateia cheia de empresários descontentes, em evento em Campos do Jordão, o governo decidia, em Brasília, sepultar a ideia do novo imposto. O Planalto esqueceu-se de avisar Levy sobre o recuo e o titular da Fazenda transmitiu a uma parcela generosa do PIB a imagem de que estava desinformado – ou fora das tomadas de decisão importantes. Cogitou seriamente abandonar o barco e fez com que a Presidência soubesse de seu descontentamento.

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    No mesmo fim de semana, o presidente do conselho do Bradesco, Lázaro Brandão, encontrou-se com o vice Michel Temer, também pego de surpresa pela decisão atrapalhada de renascimento e morte do imposto. Preocupado com o ânimo de Levy, Brandão pediu que o peemedebista interviesse na situação. A ala próxima de Temer no PMDB havia abandonado a defesa do ajuste depois de sucessivas derrotas do ministro no Congresso e dentro do próprio governo, onde tem como antagonista o titular do Planejamento, Nelson Barbosa. Temer se comprometeu com Brandão a criar um cordão de proteção para Levy, em especial contra o fogo amigo – cuja origem, segundo interlocutores petistas, está no próprio Palácio do Planalto.

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    Na segunda-feira, quando a presidente Dilma Rousseff convocou Levy e Barbosa para o anúncio do orçamento deficitário de 2016 e orientou para que reforçassem a ideia da transparência dos números, o ministro da Fazenda hesitou novamente. A tese do déficit era defendida por Barbosa, enquanto Levy alinhavava outro plano, que previa corte de gastos obrigatórios e programas sociais, com o objetivo de perseguir a meta fiscal de 0,7% do PIB no ano que vem. A presidente decidiu ouvir o ministro do Planejamento e engavetar o programa de Levy.

    Enquanto Barbosa seguiu à risca a orientação da chefe no discurso de apresentação do orçamento, Levy falou em acabar com “ambiguidades” e intensificar cortes. Falou ainda sobre a necessidade de se construir uma “ponte”, que, segundo interlocutores da Fazenda, seria um novo imposto temporário para recalibrar a arrecadação, mas sem o carimbo polêmico da CPMF. Diante das divergências claras de discurso, o enfraquecimento do ministro da Fazenda se intensificava – e o mercado financeiro respondia com mais descrença em relação à retomada da economia, com o dólar em forte disparada. Até então, o aceno do PMDB prometido a Brandão ainda não havia chegado a Levy. Acontecia justamente o contrário. No dia do anúncio do orçamento, parlamentares ligados ao vice e a Renan Calheiros diziam apoiar a ideia de orçamento deficitário porque estavam céticos sobre a possibilidade de cortes profundos serem aprovados no Congresso.

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    Na quarta-feira, Levy conversou com a presidente Dilma por telefone e reclamou do isolamento. Disse que do jeito que as coisas estavam, não poderiam ficar. Ouviu da chefe um “deixa disso”. Encontrou-se também com Temer, que reforçou o compromisso de apoio prometido a Lázaro Brandão. A virada ocorreu neste mesmo dia, com a visita do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a Brasília. Padrinho de Levy no governo, Trabuco encontrou-se com a presidente Dilma e, com a cordialidade que lhe é característica, sinalizou que a saída do ministro minaria a pouca credibilidade que resta ao governo sobre a possibilidade de retomada da economia. Trabuco aconselhou a presidente a encampar os cortes propostos por Levy para acalmar o mercado. Em seguida, conversou com o ministro. Na quarta à noite, estava decidido que Levy não sairia.

    Na quinta-feira, dia em que partiria para a Turquia, no encontro de ministros da Fazenda do G20, Levy decidiu cancelar a viagem. Diante do impacto dos rumores de sua saída na cotação do dólar, que chegou a 3,81 reais, alertou assessores sobre a necessidade de acalmar o mercado. Sua ausência, naquele momento, poderia intensificar os temores de investidores, provocando a oscilação da moeda americana e da bolsa de valores. No Planalto, a presidente Dilma convocou uma nova reunião em que instruiu os ministros Nelson Barbosa, Aloysio Mercadante e Edinho Silva a reforçar a jornalistas que o governo apoiava o plano de cortes de gastos desenhado por Levy. Mercadante, um dos principais inimigos do ajuste, falou, em coletiva à imprensa, até mesmo em reforma previdenciária — tabu para muitas alas do PT. Os ventos realmente haviam mudado. O aceno da presidente devolveu a política fiscal ao titular da Fazenda e colocou Barbosa de volta ao segundo plano – ao menos temporariamente. Até que os ventos mudem outra vez.

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