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Theatro Municipal, Pinacoteca e MAM, as 3 casas do modernismo no Brasil

Instituições que foram essenciais para a consolidação do movimento modernista no Brasil estão com exposições que celebram o centenário da Semana de 22

Por Marcelo Canquerino 12 nov 2021, 10h42

Na noite do dia 13 de fevereiro de 1922, o imponente prédio do Theatro Municipal de São Paulorecebeu, com pompa e circunstância, visitantes com roupas de gala para o que era aclamado como o grande evento do ano. Ali, música, poesia e artes plásticas se mesclaram entre as atrações da Semana de Arte Moderna de 1922. Foram nas salas do Municipal que, até o dia 17 daquele mês, circularam nomes como Anita Malfatti, Mário de Andrade, Heitor Villa Lobos, Di Cavalcanti e Oswald de Andrade, expoentes da corrente artística que pregava o nacionalismo e a liberdade estética. 

A princípio, o edifício que gestou a arte moderna foi construído, em 1903, como forma de espelhar os grandes centros culturais europeus do começo do século XX. Inaugurado em 12 de setembro de 1911, o Theatro Municipal foi projetado pelos arquitetos Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. A construção sofreu grande influência da Ópera de Paris, envolta em traços renascentistas barrocos do século XVII, além de elementos internos como colunas neoclássicas, vitrais e mosaicos. O objetivo principal era satisfazer a elite cultural cafeeira que estava em expansão na época — mesma elite que ficou agitada com as novidades dos modernistas. 

Fachada do Theatro Municipal de São Paulo, 1989
Fachada do Theatro Municipal de São Paulo, 1989 (Roberto Loffel/VEJA)

Dentro do mesmo contexto de nascimento do Theatro Municipal, outro local de grande importância para a arte moderna surgiu: a Pinacoteca de São Paulo. Em 25 de dezembro de 1905, o museu foi alocado no prédio do Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo, construído em 1882. O edifício, de estilo neoclássico, foi projetado originalmente pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, diretor do Liceu na época, com colaboração de Domiziano Rossi, que também participou da construção do Theatro Municipal. O prédio, localizado na Praça da Luz, é sempre lembrado por suas grandes janelas, pilastras, colunas e especialmente os tijolos sem revestimentos — os que ficam na parte interna e são admirados por todos, na verdade, ficaram desta forma por falta de verba na época e hoje são mantidos assim para refletir a história do museu. No começo, a Pinacoteca abrigava uma galeria de pinturas discreta. Foi entre 1920 e 1930 que o edifício passou a receber obras de grandes nomes do modernismo brasileiros como Cândido Portinari, Lasar Segall, Victor Brecheret e Tarsila do Amaral. A Pinacoteca tornou-se, então, pioneira ao ser a primeira instituição com um núcleo desse movimento através de expoentes nos debates sobre a identidade brasileira, e hoje conta com um acervo com cerca de 11.000 peças. 

Pinacoteca do Estado de São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo (iStock/Getty Images)

Com os desdobramentos pós Semana de 22, as décadas que sucederam os anos 1920 mostraram que era necessário um museu que pavimentasse, preservasse e divulgasse o movimento modernista. Atendendo a essas demandas nasceu, em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), marco para o movimento artístico que viu seu apogeu na virada dos anos 1940 para 1950. Fundado pelo mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho na rua 7 de Abril, o edifício hoje fica localizado no Parque Ibirapuera e desde sua criação teve grande influência de sua matriz americana, o Museum of Modern Art de Nova York (MoMA-NY). Ao longo dos anos, o MAM passou por algumas crises institucionais e financeiras que levaram ao rompimento do fundador com o museu, o que culminou em seu fechamento temporário na década de 1960. Foi só com a iniciativa Panorama de Arte Atual Brasileira, de 1969, que a instituição se reorganizou e começou a reconstruir sua coleção — doada à USP na época do fechamento — através da aquisição de novas obras, agora sob a perspectiva contemporânea. Atualmente, o MAM conta com um acervo de mais de 5.000 peças. Sua importância é tanta que originou duas grandes iniciativas de arte no Brasil presentes até hoje: a Bienal de São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).

Fachada do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Fachada do Museu de Arte Moderna de São Paulo. (MAM/Divulgação)

As casas do modernismo já começaram a celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, que será comemorado em 2022. No MAM, a exposição Modernismo onde? Moderno quando?, que vai até 12 de dezembro, busca trazer reflexões sobre a Semana de 22 e seu pertencimento na modernidade da arte brasileira. Já na Pinacoteca a exposição A máquina do mundo, inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade, trará aos holofotes a influência da atividade industrial na arte feita no país durante o século XX de 6 de novembro de 2021 até 21 de fevereiro de 2022. No Theatro Municipal, em 26 e 27 de novembro, a Orquestra Sinfônica Municipal apresentará o concerto Ives, Varèse e Villa-Lobos, em parceria com a Pinacoteca. Confira aqui a programação de todos os eventos de celebração da Semana de 22.

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