A Netflix e o Festival de Cannes não superaram a desavença do ano passado. É o que sugere o diretor do festival, Thierry Frémaux, em entrevista à Variety. Em 2017, o canal online concorreu à Palma de Ouro, prêmio máximo do evento, com Okja e Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe. Porém, sua recusa em estrear os filmes primeiro no cinema antes do streaming bateu nas regras do festival.
“No ano passado, quando selecionamos dois de seus filmes, eu pensei que poderia convencer a Netflix a lançá-los nos cinemas. Mas eles recusaram. É o modelo econômico deles, e eu respeito isso. Mas aqui trabalhamos com cinema e queremos que nossos filmes em competição sejam lançados no cinema. Este é o modelo dos amantes do cinema e a Netflix também tem que respeitar isso”, disse Frémaux.
O diretor, contudo, acredita que em breve o Festival e os canais de streaming devem entrar em um acordo — um dia. “Os filmes da Netflix do ano passado não fizeram história, eles simplesmente se perderam nos algoritmos do site. Um dia eles vão entender que a história do cinema e a história da internet não são a mesma coisa”, alfinetou Frémaux, antes de dizer que o diálogo com o site continua e que a porta está aberta – contanto que as regras do Festival sejam seguidas.
Spielberg – Do outro lado mais comercial da moeda, o diretor Steven Spielberg se manifestou contra a presença de filmes da Netflix em competições de cinema, como o Oscar. “Se é um bom filme de TV, então merece um Emmy e não um Oscar”, disse em entrevista ao ITV News.
Segundo o cineasta, sites de streaming causam uma mudança de comportamento nos diretores, que afeta a indústria. “Cada vez menos cineastas estão batalhando para conseguir financiar seus filmes ou competir em um festival. Enquanto a maioria está indo atrás de serviços de streaming para que eles paguem por seus filmes, com a promessa de uma rápida exibição no cinema para qualificá-los para concorrer nas premiações de cinema. Mas, na verdade, se você produz algo para a TV, então é um filme de formato televisivo”, diz, antes de ressaltar que estes longas não deveriam concorrer ao Oscar.