Paul Stanley, vocalista do Kiss, diz a VEJA que, aos 69 anos, não pensa em aposentadoria — e que não se vê tão somente como um cantor de rock.
Que tipo de música o senhor ouve em casa? Escuto artistas de todos os gêneros. Para mim, aliás, só existem dois tipos de música: a boa e a ruim. Quando algumas pessoas me dizem “Eu só gosto desse tipo de música”, para mim é como se elas estivessem dizendo: “Eu só como pizza”. Como se só consumissem pizza no café da manhã, almoço e jantar.
Como avalia sua voz hoje, depois de quase cinquenta anos levando-a ao limite no Kiss? Certamente minha voz está diferente. Atletas e cantores são muito parecidos. Nosso corpo passa por mudanças e é preciso fazer adaptações. Cordas vocais são músculos e, como tais, elas também vão mudar com o tempo.
Na banda Soul Station, o senhor está de cara limpa. Sente-se mais vulnerável assim? Quando você usa terno e gravata, sente-se uma pessoa diferente de quando está de camiseta? Você é a mesma pessoa, certo? Quem você é, portanto, vem de dentro, não de fora. Todo mundo tem muitos lados. Isso não significa que um é real e o outro, não. Apenas significa que você é multifacetado. Na Soul Station, ainda sou eu cantando, mas é outra parte de mim.
O senhor se vê como um rock star? Não sou um cantor de rock. Sou um cantor que canta rock. É uma escolha. Alguns cantores só sabem cantar rock. Não conseguem interpretar outra coisa, e tudo bem. Mas eu não estou interessado em fazer apenas uma coisa por toda a minha vida.
O Kiss anuncia que a turnê interrompida na pandemia será realmente a última. O senhor também pensa em parar? Se eu parar, eu morro. Não sei o que vou fazer no futuro, mas eu também não sabia que poderia ser um pintor, até eu pintar. Não há nenhuma razão para não continuar cantando.
Publicado em VEJA de 5 de maio de 2021, edição nº 2736